São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Comissão aprova cassação de Benevides

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou ontem a cassação do deputado Carlos Benevides (PMDB-CE) em uma votação dividida: 29 votos a favor e 20 contrários.
Para aprovar o relatório são necessários 28 votos, segundo as regras da comissão.
A atuação do deputado Nelson Jobim (PMDB-RS) foi decisiva para o grande número de votos contrários ao parecer do relator, deputado Edésio Passos (PT-PR). Ele criticou os principais pontos da acusação.
"A intervenção de Jobim foi a chave para unificar a bancada do PMDB contrária a cassação", afirmou o deputado José Genoino (PT- SP). O pedido de cassação terá agora que ser aprovado pela maioria dos deputados no plenário da Câmara.
"O grande número de votos contra o parecer me credencia para a votação no plenário", afirmou o deputado Carlos Benevides, após o julgamento na comissão.
O relator do processo, deputado Edésio Passos, concluiu que Carlos Benevides participava do esquema de corrupção na comissão de Orçamento.
Passos constatou que Benevides desviou dinheiro de subvenções sociais em benefício próprio.
Como motivo de cassação, Passos indicou ainda uma movimentação bancária no valor de US$ 187 mil acima do que foi declarado pelo deputado.
Na crítica ao relatório, Jobim argumentou que movimentação bancária não é suficiente para definir sonegação fiscal.
Jobim argumentou ainda, que o relacionamento entre Carlos Benevides e o delator do esquema de corrupção, José Carlos Alves dos Santos, é indício e não prova da participação do deputado em corrupção.
A família do deputado usou várias formas de pressão para tentar inocentá-lo. O pai, Mauro Benevides, líder do PMDB no Senado, telefonou para membros da comissão pedindo que analisassem o caso com "amizade".
O julgamento foi acompanhado pela mulher, três irmãos e um tio de Carlos Benevides. O deputado ficou ao lado de seus advogados, Inocêncio Mártires Coelho e Márcio Thomaz Bastos.
Carlos Benevides distribuiu um "kit" com os argumentos principais da defesa: o reconhecimento de um erro nas contas da CPI do Orçamento e o texto da fita gravada em uma reunião sigilosa da comissão.
A fita foi o principal trunfo da defesa. Nela, o deputado Roberto Magalhães afirma que não havia nada contra o deputado, mas que ele deveria ser chamado para depor para não parecer que havia prevalecido o prestígio do pai.
Mauro Benevides pressionava para deixar o filho de fora das investigações.
"As frases soltas não podem ser interpretadas para desmoralizar a CPI", afirmou o deputado Maurício Najar (PFL-SP), ex-membro da CPI do Orçamento. Contra Benevides, o deputado citou outra parte da reunião.
Na continuidade da reunião se afirma que os documentos sobre o deputado ainda não tinham chegado à comissão e portanto não se podia ainda inocentá-lo.

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