São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Fazenda poderá fixar taxa do câmbio ao real

SUSI AISSA; IVANIR JOSÉ BORTOT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda não descarta a possibilidade de fixar a taxa de câmbio nos primeiros meses de vida do real, ou seja, manterá um valor constante do dólar em relação à nova moeda.
Com isso, o governo poderá dar uma maior credibilidade à nova moeda. Na prática, o real teria o mesmo poder de compra do dólar.
A partir do momento em que deixasse de haver riscos de aceitação do real, o governo passaria a promover uma variação do câmbio pelo sistema de "bandas" (margens em que o valor do dólar em relação ao real poderia variar entre um limite mínimo e máximo todos os dias).
A equipe econômica pretende promover uma redução nos impostos de produtos destinados ao mercado internacional para compensar um eventual prejuízo aos exportadores no período em que o câmbio ficar fixo.
Com o câmbio fixo, as exportações brasileiras devem perder competividade porque os preços em real podem ficar muito caros para quem está importando. Hoje a inflação em cruzeiro real torna os preços dos produtos do Brasil baratos no mercado externo.
Para eliminar esse problema, a equipe econômica pensa em reduzir a carga dos impostos para que o produto exportado pelo Brasil fique mais barato e possa continuar sendo comprado lá fora.
Segundo a Folha apurou, a equipe econômica quer ainda estabelecer metas para a colocação de papel moeda no mercado e determinar critérios para o uso das reservas internacionais como lastro da nova moeda.
O real teria ainda sua credibilidade revestida pela política fiscal austera. O governo só quer gastar o que conseguir arrecadar com impostos.
A Fazenda também pretende mandar ao Congresso uma MP (medida provisória) em que seriam estabelecidos critérios para a emissão de títulos públicos e a quantidade de moeda em circulação quando o real for criado.
O BC (Banco Central) teria assegurado em lei uma maior autonomia para poder rejeitar as pressões feitas pelo Tesouro Nacional e os bancos estaduais.
Assim, o BC conseguiria livrar-se desse tipo de pressão para emissão de moeda sem lastro.
A Fazenda espera ter com a criação do real dificuldades muito maiores do que teve até agora na implementação do plano.
A URV (Unidade Real de Valor) vem servindo apenas como um indexador confiável dos contratos. É com o real que a equipe terá de acabar com a inflação atual.
(Susi Aissa e Ivanir José Bortot)

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