São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 1994
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Parmalat é acusada de forçar baixa de preço

DA REPORTAGEM LOCAL

Acusada, no ano passado, de praticar dumping (venda de produtos abaixo do custo), a Parmalat volta ao centro da polêmica no setor de laticínios.
A empresa é acusada por cooperativas de Minas Gerais de formar um oligopsônio (quando existem poucos compradores para um produto que vem de múltiplos fornecedores). Com isso, estaria forçando a baixo do preço pago ao produtor de leite.
No espaço de três anos, a Parmalat tornou-se a segunda maior compradora de leite do país, saltando de uma captação diária de 300 mil litros/dia para 2,8 milhões de litros/dia.
Nesse período, comprou 12 laticínios, entre eles o Teixeira (só a captação de leite), Alimba, Via Láctea e Lacesa.
Juntas, Nestlé, Parmalat, Paulista, Grupo Mansur e Itambé compram 65% do total da produção de leite que entra diariamente nos laticïnios de todo o país. Em 1990, nove grupos respondiam pelo mesmo percentual.
A Parmalat, segundo as cooperativas mineiras, entra em uma região pagando pelo leite preços acima do mercado; compra gradativamente postos de captação e, depois que fica sozinha, rebaixa a remuneração ao produtor.
A explicação é de Paulo Roberto Bernardes, presidente da Comissão de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Atílio Ortolani, diretor administrativo da Parmalat, disse que a empresa é vítima do cartel das cooperativas de leite de Minas Gerais, que teria grande influência na eleição dos cargos da CNA.
"A região era um feudo de uma única cooperativa antes da nossa chegada. Introduzimos a competição no setor, e isso incomoda", afirma Ortolani.
Até a entrada da Parmalat no mercado mineiro, em 1992, a Itambé, marca da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais, respondia por 60% da venda de leite no Estado.
A Parmalat alega que paga 0,22 URVs por litro ao produtor. Cooperativas de Minas afirmam que o preço da empresa é de 0,17 URVs. Segundo Ortolani, o valor pode variar de acordo com a safra.
Aquisições
A entrada agressiva da Parmalat no Brasil é financiada, em parte, pela matriz italiana Parmalat Spa. No mercado interno, a empresa buscou recursos de US$ 50 milhões junto a bancos privados.
Ortolani desmentiu informações de que o Banespa estaria financiando o crescimento da empresa. "Em 1992 recorremos ao Banespa para um empréstimo de estocagem no leite em pó, já totalmente quitado", afirmou. O Banespa informou que não consta em seus registros operações atuais com a Parmalat.
A Parmalat foi uma das empresas que mais contabilizou resultados no setor de laticínios em 93. Houve queda de 4% no consumo do leite, mas o tipo longa-vida, seu carro chefe, avançou sobre o tipo fresco, crescendo 24%.
Atualmente a Parmalat conta no país com 128 postos de captação de leite, que fornecem matéria-prima para suas 24 fábricas em 11 Estados. A empresa tem 7.000 empregados e prevê para este ano faturamento de US$ 440 milhões.

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