São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mostra traz imagens dos países do Mercosul

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Traçar um perfil da produção audiovisual dos países do Mercado Comum do Sul, eis a razão principal da Mostra Mercosul de Cinema e Vídeo que hoje se inicia no Centro Cultural Banco do Brasil.
A mostra termina no dia 17 e em seguida ruma, em versão compacta, para São Paulo (de 30 de abril a 8 de maio, no Memorial da America Latina e na USP).
Razões secundárias: mostrar os aspectos culturais e históricos comuns da região e aproximar seus profissionais de cinema e vídeo.
Argentinos e brasileiros entram com os filmes e uruguaios e paraguaios, com os vídeos, certo? Mais ou menos.
Escassez
Embora desprovidos, a exemplo dos paraguaios, de uma tradição cinematográfica, os uruguaios, pródigos em críticos e revistas de cinema, de vez em quando surpreendem, produzindo um filme. Nem que seja um telefilme.
Aliás, no seminário da mostra estará presente uma cineasta uruguaia, Beatriz Flores Silva, de quem veremos, em vídeo, "La Historia Casi Verdadera de Pepita la Pistolera".
Vinte e dois filmes de longa-metragem, acrescidos de oito curtas, foram distribuídos por três mostras.
Na principal, cinco títulos brasileiros e quatro argentinos. As outras duas são compostas de co-produções rodadas no Paraguai e obras que cineastas argentinos, como Carlos Hugo Christensen, Hector Babenco e Arturo Uranga, dirigiram no Brasil.
A maior curiosidade da segunda mostra é uma antiga reconstituição da guerra do Chaco, "Choferes del Chaco", filmada no Paraguai pelo argentino Lucas Demare em 1960, com o espanhol Francisco Rabal ajudando a salvar um batalhão isolado atrás das linhas bolivianas.
"Road movie" latino
Com o cinema brasileiro praticamente extinto, o filme mais esperado da mostra principal só podia vir mesmo da Argentina: "El Viaje", de Fernando Solanas.
A viagem começa na Terra do Fogo, termina no México e é feita por um jovem argentino em busca do pai.
Uma autêntica "pelicula carretera", remotamente inspirada por Wim Wenders, a quem, por sinal, muito mais deve o mineiro Carlos Alberto Prates Corrêa, ainda que a sinopse de seu filme, "Minas, Texas", lembre uma fusão de "A Primeira Noite de um Homem" com "Amigos Para Sempre" (Four Friends), de Arthur Penn.
Inéditos
Apesar de contar em seu elenco com dois atores globais, Andréa Beltrão e Tony Ramos, há quase quatro anos que "Minas, Texas" mofa nas prateleiras.
Absurdo em parte compartilhado com o bangue-banque pampeiro, "Gaúcho Negro", estrelado pela Xuxa, e com o último "noir" de Guilherme de Almeida Prado, "Perfume de Gardênia", que também conta com três arrimos televisivos: Christiane Torloni, José Mayer e Betty Faria. "Perfume de Gardênia" não recende a Wim Wenders, mas a Bienvenido Granda.
Já o argentino "Done Estas, Amor de Mi Vida...Que No Te Puedo Encontrar?", de Juan Jose Jusid, sobre uma paixão desencadeada através de um programa de rádio, parece ter algum parentesco com "Sintonia de Amor".
Estrelas
É este o filme que abre a mostra logo mais, seguido de um brasileiro, "Beijo 2342/72", de Walter Rogério, cujas estrelas, Maitê Proenca e Fernanda Torres, pelo visto, não brilham o bastante para os nossos exibidores.
Por falar neles, aguarda-se a presença da classe no seminário organizado pela mostra sobre o tema "Distribuição de Filmes e Vídeos no Mercosul".
Vai sair faísca, se é que os nossos distribuidores se darão ao trabalho de ir ao CCBB enfrentar a ira dos cineastas e videastas que já não aguentam mais ficar de pires na mão.

Texto Anterior: Grupo Nirvana anuncia sua dissolução
Próximo Texto: PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.