São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Guerra civil é retomada em Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A capital de Ruanda, Kigali, no centro-leste da África, viveu combates generalizados ontem, um dia depois da morte do presidente Juvenal Habyarimana.
A primeira-ministra, Agathe Uwilingiyimana, foi assassinada. Ruanda vivia uma trégua em sua guerra civil de três anos desde agosto do ano passado.
Até a invasão rebelde de 1990, Ruanda se autodenominava "a Suíça da África", por causa de seus raros gorilas das montanhas.
Membros das forças de segurança e gangues de jovens armados de facões, pedras e pedaços de pau agrediram indiscriminadamente civis nas ruas de Kigali.
Ainda não se sabe o número de vítimas da violência. Foram encontrados os corpos de 11 militares belgas das forças de paz da ONU em Kigali. Eles estavam no palácio presidencial, onde foi morta a primeira-ministra.
"Estamos tentando descobrir o que aconteceu", disse o porta-voz da ONU. As forças de segurança não tiveram acesso ao palácio.
Segundo a agência de notícias "Belga", pelo menos 17 padres foram assassinados por militares.
Na noite de anteontem, o presidente ruandês, Juvenal Habyarimana, 57, e o do vizinho Burundi, Cyprien Ntaryamira, 38, morreram quando o avião no qual viajavam foi derrubado por foguetes.
Cinco altas autoridades ruandesas, os franceses da tripulação do avião e dois ministros do Burundi também morreram. Ninguém assumiu o ataque.
Em Bujumbura, capital do Burundi, os remanescentes do governo fizeram um apelo nacional pedindo calma. Diplomatas disseram que não houve distúrbios no país.
Burundi e Ruanda são duas ex-colônias da Bélgica. Independentes desde 1962, os dois países são tomados pela rivalidade entre as tribos hutu e tutsi.
Ntaryamira foi o segundo chefe de Estado do Burundi assassinado em menos de sete meses.
Em 21 de outubro passado, o primeiro presidente hutu do país, Melchior Ndadaye, morreu em uma tentativa de golpe do Exército, de maioria tutsi.
Os dois presidentes assassinados no atentado eram hutus.
A Frente Patriótica de Ruanda (FPR), rebeldes tutsis, também participou dos combates de ontem na capital Kigali. A FPR negou envolvimento no atentado que matou os presidentes.

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