São Paulo, domingo, 10 de abril de 1994
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Esqueceram de mim 4

RICARDO YAZBEK

De Plano em Plano, a indústria imobiliária sempre se vê ignorada em seus aspectos vitais de operacionalidade. Parece um seriado, do tipo "Esqueceram de Mim", agora o de número quatro, considerados os pacotes que realmente interferiram nas relações negociais da área.
O Secovi-SP e a Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC realizaram várias gestões junto à equipe econômica, no sentido de preservar o equilíbrio entre poupador, agente financeiro, incorporador e mutuário final -evitando o descasamento de moeda- para que fosse permitida livre periodicidade, dadas as características de longo prazo das relações contratuais da área. O prazo de 12 meses, para revisão de valores, é inadequado a um segmento cujos insumos básicos, em grande parte fornecidos por oligopólios e monopólios, têm sido livremente majorados, cada qual em períodos próprios e com variação muitas vezes acima da inflação.
Apesar de todo o empenho, sentimos que, mais uma vez, a equipe econômica teve dificuldades em assimilar os conceitos do setor, que depende desses ajustes para manter a oferta de produtos a preços competitivos e condições de pagamento mais elásticas, com prazos adequados às possibilidades do consumidor.
No entanto, continuamos trabalhando. Não que as empresas tenham-se ajustado perfeitamente às novas medidas econômicas. Pelo contrário, operam temerosas, pois a reedição da Medida Provisória 434 -atual 457-, não contemplou a esperada flexibilização daqueles pontos fundamentais para que as atividades pudessem prosseguir, sem problemas, na recuperação iniciada em 93.
O mercado, na verdade, continua atuando à luz de uma perspectiva otimista em relação ao Plano. Boa parte dos lançamentos e da comercialização de unidades já foi retomada em março, devendo, conforme o andar da carruagem, ganhar maior corpo em abril. O próprio índice de velocidade de vendas, apurado pela Pesquisa Secovi em fevereiro, período que antecedeu o anúncio das medidas, pode ser considerado bom: 8,1%, sendo a média histórica mensal de 12%.
Nossas batalhas, porém, terão continuidade, agora também em nível de Congresso Nacional, paralelamente às tratativas com o Executivo. Mais ainda, continua a expectativa de que o sucesso do Plano só será possível com a necessária e imperiosa revisão constitucional.
A indústria imobiliária e as atividades econômicas como um todo já deram provas de sua capacidade de superação. Mas, como para tudo existem limites, esperamos que a MP 457 possa ser flexibilizada; que a revisão seja levada a efeito, com ênfase à reforma tributária; e que, desta vez, o processo sucessório não se sobreponha às legítimas aspirações nacionais, consolidadas no ideal de um país maior e melhor para todos.

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