São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Morte lenta do Metrô/RJ

RENÊ FERNANDES SCHOPPA

É no mínimo irresponsável o tratamento que vem sendo dado ao Metrô do Rio de Janeiro. Apesar de sua importância para a população, a exemplo do que ocorre em mais de uma centena de cidades do mundo inteiro, aqui no Rio de Janeiro o metrô é algo incômodo que ninguém quer assumir. Brizola o ridicularizou logo no seu primeiro governo achando preferível fechar o metrô, pois "pagar táxis para os usuários ficaria mais barato para o Estado", segundo ele.
Moreira Franco fez promessa de campanha para expandir o metrô e o que se viu foi a implantação de vários canteiros de obras que custaram vários milhões de dólares aos cofres do Estado mas, como não havia recursos assegurados, para a população sobraram apenas buracos e transtornos.
No seu segundo "governo", Brizola ironizou declarando que venderia o metrô por um cruzeiro ao primeiro que desejasse comprá-lo. Sem atentar para a importância do metrô para a população, Brizola só queria mesmo é se ver livre da dívida que comprometia a saúde financeira do Banerj. Assim, foi montado um esquema através do qual o governo federal assumia a dívida do metrô (quase US$ 3 bilhões), o Estado assumiria a STU/RJ, dentro do processo de estadualização da CBTU, e, finalmente, o município ficaria com o metrô/RJ, devidamente saneado.
O prefeito César Maia quando tomou conhecimento do ônus que representaria o metrô para o município recuou e impôs várias condições afirmando que o município não tem como bancar essa conta, muito embora esteja disposto a colocar US$ 220 milhões na construção da Linha Amarela que sepultará de vez o primeiro projeto do VLT, no Rio de Janeiro.
O metrô carioca, construído com recursos predominantemente do governo federal, completou 15 anos de operação (foi inaugurado em 05/03/79), transportando bem menos passageiros que em 1985. Tem paralizado com frequência a operação do pré-metrô e agora ameaça parar um trecho da Linha 1 por falta de trens. Como os trens da CBTU e as barcas estão transportando menos da metade dos passageiros que transportavam em 1985, não cabem mais ônibus e automóveis nas ruas do Rio de Janeiro, com todas as deseconomias para os cofres públicos e os transtornos para a população.
É incrível que haja recursos para abrir buracos, inclusive o inacabado "rabicho da Tijuca", e não se consiga comprar peças de reposição para os trens que cada vez mais vem sendo canibalizados.
Se a conta do metrô é alta demais, faz-se necessário avaliá-la criteriosamente para se verificar onde há excessos e tomar medidas corajosas para reduzi-las.
Deixar o metrô como está significa assinar seu atestado de óbito, um fato inédito no mundo. E para verificar um metrô bem sucedido não é preciso ir ao exterior, o metrô de São Paulo, transportando dez vezes mais que o nosso já está projetando sua quinta linha. Tem o menor "headway" e a maior densidade de tráfego entre todos os metrôs existentes.

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