São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Cirurgia é a última 'arma' para corrigir defeito facial

TEREZA CRISTINA GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cirurgia plástica pode não ser a solução para aquele "nariz de papagaio" ou "papos" no queixo. Algumas vezes essas características são resultado de anomalias na estrutura dos ossos da face.
A deformidade dento-facial é o nome científico para essas e outras alterações tão facilmente reconhecíveis no dia-a-dia.
As causas vão desde problemas genéticos até traumas e "vícios" de mastigação e respiração.
As consequências incluem defeitos estéticos e dificuldade de realizar algumas funções adequadamente (respiração, fala etc.).
Estatísticas norte-americanas mostram que até 5% das pessoas têm alterações graves. A cirurgia ortognática (correção da mandíbula e maxilar) é a solução indicada para esses casos.
O problema mais visível é o estético. A pessoa tem o queixo protuberante ou retraído e percebe que os dentes não se encaixam. Às vezes vai a um ortodontista para pôr aparelhos, mas os dentes não se alinham pela deformidade óssea.
"O enfoque precisa ser multidisciplinar, com fonoaudiólogos, dentistas, médicos e psicólogos", explica o cirurgião-dentista Renato Vita, professor da Universidade da Cidade de São Paulo.
Vita afirma que mais de 25% das pessoas com o problema apresentam retraimento social por ganharem apelidos pejorativos, prejudicando sua auto-estima.
Quando a problema é menor, pode ser realizada uma "camuflagem" que consiste em adequar os dentes às deformidades do osso.
Em crianças, um trabalho preventivo pode direcionar o crescimento do osso nos locais necessários.
A cirurgia é feita apenas quando estritamente necessário. Na primeira fase, o cirurgião faz o diagnóstico das alterações por meio de exames clínicos e radiológicos.
Com o auxílio da computação gráfica, paciente e cirurgião visualizam na tela do computador uma previsão aproximada do resultado.
Depois é feita a correção da posição dos dentes através do uso combinado de aparelhos fixos e móveis. A cirurgia é feita sob anestesia geral e corrige o posicionamento do osso.
A estrutura óssea é "desmontada", ficando ligada apenas pelos tecidos moles e remontada de acordo com o planejamento cirúrgico.
A nova posição é fixada com placas e parafusos que garantem a estabilidade . Não existem cicatrizes externas.
"A cirurgia é uma técnica e não uma mágica. O paciente sofre no pós-operatório, fica com o rosto inchado e deve cuidar da alimentação, da posição do corpo para dormir e da higiene bucal", diz Vita.
Na primeira semana, o paciente costuma sentir-se deprimido, mas depois aparece uma alegria intensa pelo resultado obtido.
O custo total desse tipo de tratamento sai por volta de US$ 10 mil (CR$ 9 milhões).

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