São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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PM afasta chefes da 'caixinha' do Guarujá

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar afastou de seus cargos 14 oficiais do 21º Batalhão da PM e deve pedir hoje a quebra do sigilo bancário de envolvidos no esquema ilegal de segurança privada para policiar praias do Guarujá (SP).
Os oficiais teriam montado uma escala de serviço paralela no batalhão. Na escala, os PMs deveriam trabalhar fardados como "fiscais de praia".
Eles receberiam dinheiro de empresários –através da Prefeitura do Guarujá–, além de vales-refeição e diárias-alimentação (ajuda de custo) pagas pelo Estado.
O tenente-coronel Antonio Maria Claret, comandante do 21º Batalhão, foi afastado anteontem.
Claret, acusado de liderar o esquema, se apresentou ontem na Corregedoria e estava depondo até às 19h de ontem. De acordo com o depoimento, ele pode ficar detido.
Os outros afastados são: o subchefe do batalhão, major João Claudino Fernandes, cinco capitães e sete tenentes.
O comandante da PM, coronel Francisco Profício, deverá decidir hoje se afasta o chefe da PM na Baixada Santista, coronel Jorge Raimundo da Silva.
Cinco dos oficiais afastados –um major, um capitão e três tenentes–, além de um sargento e um soldado, estão detidos desde sexta-feira na sede da Corregedoria, em São Paulo.
Os sete policiais estão presos administrativamente por um prazo de quatro dias, conforme prevê o regulamento disciplinar da PM.
A Corregedoria também está investigando se os policiais envolvidos no esquema adquiriram bens ou fizeram operações no mercado financeiro nos últimos meses.
O esquema teria movimentado US$ 500 mil (CR$ 478,5 milhões) entre dezembro de 93 e fevereiro passado.
Ao todo, cerca de 60 policiais suspeitos no caso já depuseram no inquérito e confirmaram a existência do esquema.
Os pagamentos aos policiais eram feitos em dinheiro e sem recibo. Os PMs seriam aconselhados pelos policiais a não depositar o dinheiro em bancos.
Os oficiais teriam prometido para os soldados e cabos do batalhão cerca de CR$ 150 mil por mês pelo trabalho. A denúncia do esquema surgiu porque os policiais só receberam CR$ 70 mil.

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