São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Destino da seleção na Copa preocupa

Conduta da comissão não é clara
NANDO REIS
MARCELO FROMER

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nossa comissão técnica continua sendo motivo de grande preocupação para uma nação tão confiante no tetra. Se o que deveria se esperar de uma comissão é clareza e transparência em suas decisões, para que tenhamos uma base sólida, unida e coesa, podemos e devemos começar a nos preocupar seriamente com nosso destino na Copa.
A surpresa do próprio Nielsen, preparador de goleiros, com sua súbita e inesperada demissão, o motivo e a maneira como foi feita, mostram bem o tipo de conduta que adotam Ricardo, o genro, e seus asseclas em suas decisões pouco convincentes e deveras arbitrárias. Descompasso, desarmonia, incongruência são atributos inquestionáveis da empoeirada comissão.
Bendita hora que a Bandeirantes resolveu nos agraciar com os VTs da Copa de 70. Um paralelo inevitável trabalha como instrumento de tortura para quem verdadeiramente aprecia a arte de se jogar bola. E tem mais, brasileiro é assim mesmo. Pode chover merda na cabeça, mas se for época de Páscoa vão dizer que é chocolate. Um jogo com uma Argentina medíocre não serve de parâmetro para absolutamente nada, e o índice de aprovação do Teimoso ultrapassou os 50%. Quem sabe contra a forte Islândia poderemos medir mais apuradamente o nosso potencial? O Sarney tá aí, é só votar.
Bem, mas se temos uma programação confusa, com pouco tempo para treinos, com jogadores estrangeiros em fim de temporada, entre outras coisas mais, há pelo menos algo que já está acertado e definido de papel passado.
A emoção, sim senhores, a emoção. Não sabemos ao certo em detalhes qual foi o acerto entre o patrocinador e alguns jogadores, mas o fato é que, para alguns de nossos seletos craques, depois de feito o gol, não será a espontaneidade que irá guiá-los em direção da torcida, para o berro de uma merecida comemoração, e sim um dedo encomendado por uma empresa insistente e milionária.
E, se a coisa se estender para todos os atletas, talvez possamos assistir a um patético espetáculo em terras americanas. Imaginem se o Taffarel realmente fechar contrato com a Sadia e, após cada gol sofrido, empunhar um apetitoso chester e erguê-lo como se fosse uma nova Jules Rimet? E se o Mozer concretizar um acordo com a Gillette, no qual após um eventual gol abra sua "nécessaire" (bolsa) e faça a barba em pleno campo? Para quem já assistiu ao choro emocionado de um Tostão, Pelé, Gérson, Jairzinho e Rivelino depois de um gol brasileiro, dá também vontade de chorar. De desgosto!
Com o Teimoso faltam 67 dias para começarmos a perder mais uma Copa.

Nando Reis e Marcelo Fromer são do Titãs

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