São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 1994
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Eleições na África do Sul

Eleições na África do Sul
A proximidade das

A proximidade das eleições na África do Sul, marcadas para o próximo dia 23, mostram que a chegada da democracia, se deve ser comemorada, por enquanto apenas expõe as feridas de um país marcado por mais de quatro décadas de apartheid. Na verdade, a liberdade política trouxe à tona novos e graves problemas aos sul-africanos –como a ameaça de divisão do país– e acirrou outros, mais antigos, como o dos conflitos tribais.
Não bastassem estes problemas, os resultados da primeira eleição multirracial do país parecem que não estarão livres de contestações. Mesmo antes do pleito, as diversas correntes políticas já levantam a hipótese de que possam vir a ocorrer fraudes na votação ou que denúncias de irregularidades possam ser levantadas para tentar invalidá-las.
A situação ainda é, portanto, lamentavelmente sombria. Na reta de chegada da campanha, a disputa está entremeada por conflitos sangrentos. A etnia zulu, liderada por Mangosuthu Buthelezi, se opõe ao pleito e luta nas ruas, com armas, com os xhosas, representados politicamente pelo Congresso Nacional Africano (CNA) de Nelson Mandela, o provável vencedor. Alguns zulus querem um reino separado. Afrikaners ultraconservadores, de tendência neonazista, pretendem lutar por um Estado branco independente.
As negociações entre De Klerk e os diversos partidos em busca de uma trégua não progrediram. No entanto, as duas maiores forças em disputa –o Partido Nacional de De Klerk e o CNA de Mandela– colaboram para que as eleições cheguem a bom termo e, realisticamente, talvez até realizem juntos um governo de transição. Um comitê eleitoral independente procura informar os novos eleitores e garantir ao máximo a lisura das eleições.
Agora só resta esperar que o comparecimento em massa da população às urnas desencoraje os partidários da violência e que os graves problemas do país se resolvam na composição do primeiros governo multirracial do país.

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