São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994
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Ligação do bicho com tráfico começou em 75

MÁRIO SIMAS FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Investigações preliminares do Ministério Público do Rio (MP) indicam que os banqueiros do jogo do bicho começaram a operar com o tráfico de drogas em 1975.
Os bicheiros estavam contabilizando quedas em suas receitas desde 1970, quando foi implantada a Loteria Esportiva no Brasil.
Em 1975, eles teriam se reunido em um bar na Barra da Tijuca (zona sul do Rio) e tomado duas decisões que mudariam a história da contravenção no Estado.
Nessa reunião, de acordo com as investigações do MP, os bicheiros decidiram permitir que a estrutura do jogo fosse usada para a distribuição de cocaína.
A outra decisão da reunião na Barra da Tijuca foi com relação ao resultado do jogo. Os banqueiros teriam feito um acordo no sentido de manipular o resultado do jogo.
A apuração passou a ser feita antes do sorteio. Dessa forma, os números mais apostados são retirados da disputa.
Em 1975, segundo as investigações preliminares do MP, os bicheiros já controlavam boa parte da polícia estadual e também mantinham tentáculos na Justiça.
Um dos bicheiros presentes à reunião, Euclides Panair, o "China Cabeça Branca", não concordou com as definições tomadas e passou a divulgar a amigos o teor da reunião.
Após as denúncias, ele foi morto a tiros na porta de sua casa. A autoria do crime não foi apurada até hoje.
Durante a reunião, foi queimado um processo que corria no 2º Tribunal do Juri, onde Carlinhos Maracanã –um dos integrantes da cúpula do jogo do bicho– era acusado de homicídio.
O promotor Carlos Augusto Albuquerque teve que trabalhar no caso com um processo reconstituído, o que facilitou a defesa do bicheiro.
As provas testemunhais do primeiro processo não puderam ser reconstituídas.
O MP também está investigando uma relação com 48 homicídios que teriam sido cometidos a mando de bicheiros. Todos esses casos foram arquivados ou punidos apenas os autores e não os mandantes.

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