São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994 |
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PT exclui aborto de programa de governo
CARLOS EDUARDO ALVES
Lula reuniu-se ontem em São Paulo com d. Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), para comunicar o recuo. As duas teses constam da versão preliminar do programa de governo petista. "Existe uma unanimidade no PT sobre a necessidade da discussão desses problemas, mas que isso não é da alçada do presidente da República, é problema de legislação, e não deve constar do programa", afirmou Lula. O virtual candidato petista assustou-se com a reação contrária às teses dos setores da Igreja ligados ao PT. Lula já tinha enviado uma delegação à CNBB para prometer retirar as propostas e pediu uma audiência à entidade. Para tentar aparar as arestas, Lula se declarou contrário ao aborto, mas defendeu o planejamento familiar. D. Luciano reafirmou a "defesa do direito à vida" e disse que as posições contempladas no texto petista "preocupavam" a Igreja. Para o presidente da CNBB, a defesa da vida é ponto-chave para a Igreja. "É importante para quem defende os direitos humanos começar pelo defesa do nascituro", afirmou d. Luciano. As "coincidências" em vários pontos defendidos por PT e CNBB foram destacadas por Lula e d. Luciano. O petista, no "mea culpa", admitiu que a conversa deveria ter ocorrido antes da divulgação do rascunho de programa. "A maioria da base do PT é cristã e achamos que o grande desafio do país é acabar com a fome e o desemprego', declarou Lula. D. Luciano listou entre as prioridades da entidade a luta pela diminuição das concentrações de renda e de terra. "Houve uma afirmação clara de Lula em defesa da vida", relatou d. Luciano. A CNBB quer manter encontros com os outros candidatos à Presidência para expor sua lista de prioridades para o país. Sobre o reconhecimento dos direitos civis de casais homossexuais, Lula disse que em nenhum momento o PT pretendeu defender o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Só acho que eles têm o direito de ter uma vida privada sem ingerência do Estado", disse. Texto Anterior: CNBB lança cartilha de orientação para eleições Próximo Texto: Radicais reduzem influência no partido Índice |
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