São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo faz acordo com as indústrias de cerveja

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

O preço da cerveja vai aumentar semanalmente, a partir de maio –quinzenalmente em abril–, de acordo com a variação da URV, mais 15% diluídos nos dois meses.
Esses 15% servirão para compensar o abatimento médio que ocorrerá nos próximos dias no preço de fábrica da bebida.
Acordo nesse sentido foi firmado ontem entre o assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, Milton Dallari, e diretores da Antarctica, Brahma e Kaiser.
Segundo Dallari, os preço da cerveja estará ajustado a partir de junho, quando será equivalente à média dos quatro últimos meses do ano passado. Agora, com o abatimento, os preços ficarão em nível inferior a essa média.
É que, em março, os fabricantes deram descontos de cerca de 30% para vender o estoque de cerveja restante do Carnaval. Em abril, além de eliminar o desconto, aplicaram reajustes de até 36%.
A Fazenda aceitou os reajustes, que, segundo Dallari, são compatíveis com a inflação de março. A URV variou 43,26%.
Entretanto, Dallari negociou com os fabricantes que somente metade dos descontos de março, ou seja, cerca de 15%, fossem eliminados agora. Os 15% restantes serão eliminados até junho.
Dallari minimizou os reajustes de preços acima da variação da URV praticados por supermercados, conforme detectado pelo Datafolha e pelo IPC da Fipe. Segundo os supermercados, o reajuste teria sido combinado, caracterizando um cartel.
"Isso é sazonal (ocorre em determinados períodos do ano) por causa da virada do mês. Isso não nos assusta em nada", afirmou.
Dallari negou que o governo tenha desistido de alterar a legislação para endurecer o combate aos reajustes considerados abusivos.
Disse também que o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, receberá esta semana a lista de produtos que poderão ter suas alíquotas de importação zeradas.
Hoje, em São Paulo, os representantes da Antarctica, Brahma e Kaiser vão se reunir com a diretoria da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Segundo o vice-presidente da Apas, Firmino Rodrigues Alves, Brahma e Antarctica ofereceram descontos de 7% sobre o preço de CR$ 740 da garrafa com 600 ml. Esse desconto representa queda de 10% do preço no varejo, disse.
Os supermercados não aceitaram. "Queremos que o mercado seja livre", afirmou Alves.

Texto Anterior: O por quê da Constituinte exclusiva
Próximo Texto: Fazenda vai definir regras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.