São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994
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"Fantástico" continua o mesmo na estréia de sua nova roupagem

ESTHER HAMBURGUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O "show da vida" mais uma vez ganha nova roupagem, nova vinheta, novos quadros. A nova versão, com Regina Casé e equipe, Thunderbird, reportagem ousada de Paulo Henrique Amorim na floresta mexicana, é mais heterogênea e fragmentada que as versões anteriores.
Novidades ousam na linguagem e contrastam com o espírito do programa que continua almejando a ficção científica futurista capaz de sintetizar a história "... da idade da pedra, ao homem de plástico, é Fantástico!".
A nova abertura lembra uma versão otimista e em tons pastéis de "Blade Runner". Trata-se de uma evolução técnica da anterior. Mantidas as opções estéticas básicas, essa traz a assepsia da produção sintética. Longe da epopéia que foi a anterior, ainda amarrada pela materialidade de bailarinos de carne e osso, na nova, andróides exploram a profundidade de um universo composto por elementos como o céu, o fogo e a água.
A vinheta penetra o corpo do programa através de um cenário predominante, o de um amanhecer cósmico. Celso Freitas, Fátima Bernardes e Sandra Annenberg como que flutuam entre uma mesa de espaçonave e essa aurora encantada. As primeiras matérias seguem a inspiração da vinheta e são típicas do menu que o "Fantástico" há anos oferece para encerrar o fim de semana com tédio: novas tecnologias e curiosidades.
Na medida que o programa avança, ele perde em coerência e ganha em qualidade. Alternam-se pequenas matérias enlatadas, com quadros provocativos como "Na Geral" de Regina Casé (poderia ser mais longo), com o já institucional "Gols do Fantástico", ou a boa entrevista de Gilberto Gil.
A edição do último domingo terminou brilhantemente com a entrevista com o líder da guerrilha Zapata no México. O "Fantástico" ganharia muito se apostasse mais na ousadia e solidez desses quadros e menos na velha fórmula de ficção cibernética.

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