São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 1994
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Termina 'Marcha da Vida' na Polônia

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A POLÔNIA

Chega ao fim o roteiro da quarta "Marcha da Vida" na Polônia. Desde 6 de abril, cerca de 5.000 jovens judeus de diversos países conheceram o que restou da comunidade judaica na Polônia, a maior do mundo antes da Segunda Guerra Mundial, e os principais campos de concentração construídos pelo governo nazista chefiado por Adolf Hitler.
Anteontem as delegações do México, Colômbia, Brasil e Uruguai viajaram a Tycocin (180 km a noroeste da capital Varsóvia).
Restam, entretanto, marcas da vida judia na pequena cidade. A sinagoga, transformada em estábulo pelos alemães, foi recuperada e as pinturas nas paredes refeitas.
Em 1941, tropas alemãs invadiram Tycocin, levaram 1.400 pessoas a um bosque próximo. Despiram-nas e as fuzilaram à beira de grandes fossos comuns.
Eva Kwiatkowski, 65, sobrevivente, lembra: "Os corpos foram rodeados por cachorros e muitos caíram nos fossos ainda vivos".
Durante a visita aos fossos centenas de jovens espalharam-se entre as árvores e choraram, perplexos ante a extensão da barbárie e o silêncio que reina no local.
Depois o grupo seguiu para Treblinka, campo de extermínio a 109 km da capital, que funcionou por 16 meses, quando cerca de 800 mil pessoas foram mortas.
Ontem, a "Marcha da Vida" foi a Majdanek (180 km de Varsóvia), o segundo maior campo de concentração e de extermínio alemão.
Ao contrário de Treblinka, em Majdanek os alemães foram pegos de surpresa pelos russos e deixaram o campo intacto.
Os jovens que seguiram a marcha participam amanhã em Israel do Dia da Cobrança, em que são lembradas as vítimas das guerras do Estado de Israel.
No dia 14, comemora-se o Dia da Independência. "Deixamos o clima fúnebre dos campos da Polônia para dançar a independência nas ruas de Jerusalém", diz Sergio Napchan, 29, que lidera os 20 integrantes da delegação brasileira.
Na Polônia, Hitler conseguiu realizar o que pretendia fazer em toda a Europa: varrer os judeus. De uma comunidade de 4,5 milhões antes da ocupação pela Alemanha nazista, existem hoje 4.000. Cerca de 3 milhões morreram.

O jornalista OTÁVIO DIAS viaja com apoio da Federação Israelita do Estado de São Paulo.

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