São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 1994
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Encontro discute sobrevivência da imprensa escrita

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

Os serviços que transmitem informação instantânea por computador não devem substituir o jornal impresso, que tem como diferencial reportagens de investigação e textos analíticos.
A afirmação foi feita ontem por Luís Frias, diretor-presidente da Empresa Folha da Manhã S.A. –que edita a Folha–, ao participar do seminário "A Imprensa em Questão", promovido pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Frias não descartou, no entanto, que poderão ocorrer mudanças no futuro –mas somente quando os custos de distribuição das informações eletrônicas diminuírem e o uso do computador estiver massificado.
A principal preocupação dos editores deve contemplar a credibilidade, apontada por ele como o principal patrimônio de um veículo de comunicação.
Depois de relatar os instrumentos de eficiência utilizados pelo jornal para aferir a sintonia fina com os leitores, como as pesquisas de opinião, Frias alertou sobre o risco que cometem as empresas jornalísticas que baseiam a estratégia de concorrência na publicação de denúncias não comprovadas.
Rodrigo Mesquita, diretor da Agência Estado, que também participou do painel "A imprensa brasileira vista pelos empresários", afirmou que o jornal impresso, nos moldes do editado atualmente, não sobreviverá aos próximos 50 anos.
"Também não acredito que o jornal vá morrer. Mas passará por grandes transformações", afirmou, ao acrescentar que versões eletrônicas já vêm sendo testadas nos EUA.
Os empresários Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, e Jaime Sirotsky, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e do Conselho de Administração da RBS (Rede Brasil Sul), destacaram a necessidade de investimentos contínuos em tecnologia e treinamento de profissionais.
O seminário, que atraiu ao Centro de Convenções da Unicamp uma platéia de 340 estudantes, foi aberto de manhã com uma mesa de debates formada por correspondentes internacionais.
Em sua palestra, o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, correspondente da Folha em Washington, disse que a imprensa norte-americana tem feito esforços para reconquistar leitores perdidos.
A batalha, segundo ele, consiste em provar aos consumidores que a leitura é indispensável. "O jornal deve prestar serviços essenciais, mas não se limitar a uma estratégia unilateral".
Até mesmo o "USA Today", que se celebrizou pelos textos curtos, cores e mapas, conduziu recentes mudanças editoriais que redundaram em textos de maior profundidade jornalística.
A meta é atingir não apenas usuários, que compram o exemplar ocasionalmente, mas também o cobiçado público que desenvolveu o hábito de leitura diária.

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