São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994 |
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FHC evita encontrar bancada dividida
TALES FARIA
A discussão ocorreu no apartamento do deputado Aparício Carvalho (PSDB-RO), durante reunião da bancada na qual se discutia a aliança entre o PSDB e o PFL. A reunião se estendeu das 22h até 1h30 da madrugada de ontem. Os grupos favoráveis e contrários discutiram aos berros. O ex-líder José Serra (PSDB-SP) chegou no meio da discussão e imediatamente saiu –segundo afirma, "à francesa"– pela porta da cozinha. FHC estava reunido no prédio em frente, com a bancada tucana do Paraná e havia se comprometido a sair dali para o apartamento de Aparício. Mas ele acabou não indo, depois que foi avisado pelo deputado Saulo Coelho (PSDB-MG) de que o "clima" estava "pesado". Coelho também se retirou da reunião. A discussão começou quando o deputado José Aníbal (SP), favorável à aliança, disse que se sentiu "enganado" pelos contrários à coligação com o PFL, que haviam convocado a reunião para "confraternização da bancada e não para discutir política". Tuga Angerami (SP) levantou e pediu que Aníbal "respeitasse o dono da casa". "Ninguém aqui está enganando ninguém", afirmou. Jabes Ribeiro (BA), que pouco antes havia sido escolhido "coordenador" das discussões, passou adiante o papel com as anotações dos inscritos e disse: "Quem está de enganação é a mesma cúpula do partido que tentou nos levar a apoiar o Collor." "Depois dessa reunião, nunca mais o relacionamento na bancada será o mesmo", disse no encontro Beraldo Boaventura (BA). No início, ele quis apartar a briga, mas acabou entrando também. "Nós que éramos do PDT na Bahia, deixamos aquele partido por causa da ditadura do Brizola. Viemos para o PSDB para sermos surpreendidos pelo autoritarismo do politiburo do partido", disse. O "clima" ficou "pesado" logo no início da reunião. Primeiro deputado a falar, Wilson Campos (PE), que apóia a candidatura de Miguel Arraes ao governo contra a aliança local do PSDB com o PFL, afirmou: "É melhor que o FHC nem vá a Pernambuco." Marco Penaforte (CE), favorável à aliança, partiu para a ironia: "Não entendo vocês. Na Bahia, em 86, o Waldir Pires ganhou a eleição para governador se compondo com o Nilo Coelho (PMDB), que não é diferente de ninguém no PFL." Até então calado, Waldir Pires, pré-candidato a governador, se alterou: "Essa é uma comparação absurda. Aquela era uma aliança pós-ditadura e o Nilo era apenas um prefeito do interior, sem expressão. Texto Anterior: Lula diz que Amato não tem credibilidade Próximo Texto: Fernando Henrique tenta apoio da Igreja Índice |
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