São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
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Designers querem casar tecnologia e espírito

DA REPORTAGEM LOCAL

Para marcar a doação da coleção de Takeo Hirata para a biblioteca do Masp, dois designers japoneses fizeram ontem uma palestra na Fiesp. Takuo Hirano e Tetsuyuki Hirano, pai e filho, vieram falar sobre o novo conceito de design que estão desenvolvendo.
Através da sua empresa, a Hirano Design International Inc., que tem sede no Japão e filial em Chicago, eles promovem o casamento entre o design e a administração de empresas.
A empresa atua em todas as áreas, da arquitetura e paisagismo, ao design industrial e desenvolvimento de novos produtos. Segundo Takuo Hirano, introduzir o conceito de design como planejamento, não só de empresas, mas também de novos e melhores modos de vida, é o novo desafio dos japoneses.
Tetsuyuki Hirano disse que o grande erro da economia japonesa foi saturar os consumidores com produtos despersonalizados, produzidos em massa. Segundo ele, hoje é indispensável aliar o design à qualidade e à tecnologia.
Nesse sentido ele entende por design o planejamento e a criação de um produto, que vá de encontro às necessidades e desejos do homem contemporâneo.
No Japão, as faculdades de economia, engenharia e administração já começam a introduzir a disciplina de design. Segundo ele, nenhum produto sai bom se não houver o casamento entre tecnologia e design.
Em termos de tecnologia e controle de qualidade, as empresas japonesas estão hoje todas iguais. O que vai diferenciá-las é a criação dos designers. Segundo Tetsuyuki Hirano, os empresários estão estudando design para repensar seus planejamentos.
Takuo Hirano, fundador da Our Design School, uma escola de design no Japão, diz que é importante tirar a aura de excentricidade que marca os profissionais da área. Ele acredita que a criação de um museu de design ajudaria as pessoas a perceberem a evolução do conceito e livrá-lo de seus estereótipos.
Segundo Hirano, é importante saber que o design sempre existiu e saber também que excentricidade e inovação são coisas diferentes.
Para Hirano, o design é ainda uma linguagem comum no mundo, uma maneira de ter acesso às diferentes culturas e tradições.
Takuo Hirano disse ainda que espera que o Brasil não precise repetir o erro das economias do Primeiro Mundo. Segundo ele, o país deve observar desde já a necessidade de casar a tecnologia com o espírito na criação de novos produtos ou empresas.
O novo conceito de design, apresentado pelos Hirano, deve ser estendido a todas as áreas de atuação do homem. Desde a criação de máquinários simplificados até o urbanismo que permita a um idoso viver melhor em sua cidade, diz Hirano.

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