São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maluf, Biscaia e o bicho; Crise do Hospital das Clínicas; Meninos de rua; Empréstimos a usineiros; Idéias, enfim; Medicina de grupo; Rádio pirata

Maluf, Biscaia e o bicho
"Em nenhum momento de sua carreira política Paulo Maluf manteve qualquer contato com agentes do jogo do bicho. A partir de lista, cuja origem nem sequer foi investigada, o procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Biscaia, divulgou de maneira leviana e irresponsável o nome de Paulo Maluf como beneficiário, quando candidato a presidente em 89, de contribuição financeira provinda dos contraventores para custear um comício no Rio de Janeiro. De acordo com a legislação eleitoral então vigente –e a prática consagrada por todos os partidos–, os comícios são organizados e custeados pelo diretório partidário local. Como é público e notório, à época, o partido apresentou sua prestação de contas, que foi aprovada pela Justiça Eleitoral. Não pode portanto o prefeito ter seu nome envolvido por atos presumidos que seriam de responsabilidade dos dirigentes do PDS-RJ à época. É óbvio que o procurador exorbitou duplamente de sua autoridade. Primeiro, ao confundir, propositadamente, fatos criminosos –como o suborno de autoridades– com outros que não possuem a mesma conotação. Segundo, ao expor o nome do prefeito Paulo Maluf, o procurador buscou apenas notoriedade. Em defesa de seus direitos e de sua honra o prefeito Paulo Maluf tomou as medidas cabíveis para responsabilizar judicialmente o procurador."
Odon Pereira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Crise do Hospital das Clínicas
"O professor Aristodemo Pinotti em seu artigo 'A crise do HC' (10/04) afirma: 'Mas a verdade é que no próprio HC estão quase todas as causas da crise e as condições para resolvê-la, usando-se criatividade, experiência e um gerenciamento moderno e descentralizado', enfatiza que é 'imperioso dar condições de comando aos chefes de serviço (professores titulares) e responsabilizá-los pelo funcionamento integral e que o gerenciamento e os recursos devam ser absolutamente descentralizados'. Considera importante propor produtividade a médicos e docentes, esquecendo-se das demais carreiras da área da saúde. A experiência de contratar todos os funcionários do HC por duas horas sem exigir trabalho de contrapartida e de dar tratamento diferenciado aos médicos anestesistas inviabilizam a Fundação Faculdade de Medicina. A sua posição em relação ao atendimento de pacientes particulares é no mínimo curiosa e incoerente sob o ponto de vista financeiro, pois condena a administração pública por atender o paciente particular e, no entanto, propõe a administração do dinheiro público a particulares (Fundação da Faculdade de Medicina). A distorção do atendimento particular resultando em prejuízo para o atendimento público certamente é devido a interesses menos nobres e poucos éticos de membros do corpo clínico, situações estas que uma chefia desinteressada e responsável pode coibir. Sua atuação na área assistencial está fora do HC (Pérola Byinton), embora assista pacientes no Incor que certamente não são os beneficiados do SUS... Persiste como válido o ideograma chinês: 'O do risco e o da oportunidade'. O risco certamente é do HC, quanto à oportunidade..."
Erasmo M. Castro de Tolosa, professor titular da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Meninos de rua
"Em relação às questões levantadas pelo sr. deputado estadual Afanazio Jazadji (PFL), gostaríamos de ressaltar o seguinte: que os nomes e demais informações reclamadas pelo sr. deputado foram entregues em audiências da CPI da exploração e prostituição infantil em Brasília e São Paulo; que a presidente da CPI, a sra. deputada federal Marilu Guimarães (PFL), recebeu e encaminhou para providências todas as denúncias recebidas; que não sabe aos educadores de entidades sociais ou das pastorais o papel de investigação, mas o de levantar dados para que se procedam providências legais; reafirmo todas as denúncias feitas, a quem de direito, de forma responsável e ponderada, visando proteger a vida e segurança pessoal dos envolvidos; que as investigações que ora se iniciam em São Paulo sobre o narcotráfico e o crime organizado vão chegar fatalmente a prostituição infantil e vão comprovar e ampliar as denúncias até agora feitas. Acreditamos na firmeza permanente e na não-violência ativa, na defesa da vida e dos direitos da pessoa humana. Rezo pelo deputado Afanazio Jazadji todos os dias seguindo o preceito de Jesus: 'Fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam' (Lc 6,27-28)."
Júlio Renato Lancellotti, vigário espiscopal para o Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP)

Empréstimos a usineiros
"Estranhamos a nota divulgada na coluna Painel, edição do último dia 10, segundo a qual a Comissão de Investigação do Executivo teria pedido a suspensão de funcionários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste do Brasil. O Banco do Nordeste do Brasil não recebeu qualquer recomendação nesse sentido, o que nega a informação veiculada pela Folha."
Francisco Ribeiro da Silva Neto, da Coordenadoria de Imprensa do Banco do Nordeste do Brasil –BNB (Fortaleza, CE)

Nota da Redação – Segundo o ministro da Administração, Romildo Canhim, a Comissão de Investigação do Executivo protocolará na próxima quarta-feira o pedido de suspensão dos funcionários do BNB envolvidos no trâmite de empréstimos para usinas de açúcar em 92.

Idéias, enfim
"Os excelentes artigos 'Mão invisível', do mestre Antonio Callado (26/03), e 'Fenômeno da adaptação nociva e inflação', do Eduardo Giannetti da Fonseca (3/04), dignificam este jornal pela colocação de idéias inteligentes, lúcidas e positivas."
Geraldo Magela Cordeiro (Belo Horizonte, MG)

Medicina de grupo
"Haverá mesmo uma grande parceria visando a implantação maciça da medicina de grupo em todo o país?"
Henry Campos, médico (Fortaleza, CE)

Rádio pirata
"Sobre a matéria do jornalista Luís Antônio Giron na Ilustrada de 9/04, 'Rádio pirata volta sem ameaça da polícia', o sr. José Carlos Elmôr, chefe de divisão do Ministério das Comunicações, não foi feliz ao afirmar que a Rádio Livre Reversão veicula anúncio, sendo que, a Polícia Federal teve em seu poder durante três anos toda a programação, bem como materiais impressos e fitas cassetes da Reversão e nada foi encontrado que não fosse da área cultural. Parabenizo a Folha e o jornalista pela abordagem do tema."
Valionel Tomaz Pigatti, "Leo Tomaz", da Rádio Livre Reversão (São Paulo, SP)

"Parabéns pela excelente reportagem sobre as rádios livres."
Marco Antonio Tiveron Corsato (Fátima do Sul, MS)

Auto-ajuda
"Estouraram em todo o mundo matérias sobre o 'milagroso' Prozac, droga que, nos EUA, é tida como responsável por proezas. Livros de auto-ajuda, esoterismo, consulta a 'mensageiros milagrosos' etc. Ricardo Semler revela: 'Auto-ajuda é como o Prozac. A pessoa toma aquilo, fica animadérrima e depois, um belo dia, cai de novo'. E a solução, então, qual é? Jesus disse: 'Quem beber da água que eu lhe der, jamais terá sede de novo. Pelo contrário, sua vida será uma fonte a jorrar para a vida eterna'."
Sérgio Moreira de Oliveira (Juiz de Fora, MG)

Texto Anterior: A reengenharia do Brasil
Próximo Texto: As listas de Biscaia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.