São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Livro detalha corrupção policial

MÁRIO SIMAS FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Ministério Público do Rio tem em seu poder muito mais do que uma relação de políticos e policiais que tenham recebido dinheiro dos contraventores.
Os documentos apreendidos mostram toda a contabilidade dos principais bicheiros fluminenses.
A partir dos documentos é possível descobrir como funciona a máquina da contravenção e até levantar os nomes e funções de cada participante do esquema.
Não existe, contudo, nenhum documento que indique relação entre o jogo do bicho e o tráfico internacional de drogas.
O objetivo da apreensão dos documentos era exatamente relacionar os bicheiros a traficantes e contrabandistas de armas.
No material apreendido, cerca de 50 livros contábeis relacionam o custo do relaxamento de prisões em flagrante, conserto de carros da Polícia Civil e até a compra de material ortopédico para a filha de um detetive.
Os livros também revelam o pagamento de almoços e jantares a delegados e oficiais da Polícia Militar.
Os registros de relaxamento de flagrante são os mais detalhados. Eles indicam o nome do preso, a data da prisão, o motivo da prisão, a delegacia e o policial que recebeu a propina.
Todos os dados são manuscritos em folhas numeradas e relativos ao período que vai de 1987 a fevereiro de 1994.
Os documentos revelam que é prática comum nas delegacias do Rio que o dinheiro do bicho pague o consertos mecânicos e funilaria de carros da polícia.
Alguns desses registros indicam as placas do carro e até o nome das oficinas onde foram realizados os reparos.
Os documentos não estavam apenas no escritório de Castor de Andrade, mas espalhados em quatro outros imóveis dos bicheiros.
O primeiro a ser estourado pelo Ministério Público e pelo serviço reservado da PM foi um escritório de videopôquer pertencente a Fernando Ignácio, genro de Castor de Andrade. Lá, os policiais encontraram inclusive armamento pesado. (Mário Simas Filho)

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