São Paulo, sábado, 16 de abril de 1994
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Vôos dos EUA no Iraque são suspensos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os EUA suspenderam ontem todos os vôos de seus caças no norte do Iraque por 24 horas para checagem de segurança.
Uma equipe começou a investigar a derrubada de dois helicópteros americanos por caças dos próprios EUA anteontem, num acidente que causou 26 mortes.
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse que haverá rigor nas investigações. "Mas não vamos nos apressar num julgamento", disse.
"Se nossos procedimentos precisarem de mudanças, vamos mudá-los imediatamente", disse. "Se indivíduos foram considerados culpados, vamos puni-los".
O primeiro resultado das investigações indica que os helicópteros derrubados estavam com o sistema IFF (sigla de Identificação de Amigo ou Inimigo, em inglês) ligado. Trata-se de um equipamento que envia sinais eletrônicos reconhecíveis pelos aviões dos EUA. Os helicópteros estavam transitando na área de exclusão definida pela ONU no norte do Iraque. Os caças teriam que derrubá-los, se fossem iraquianos.
Se o IFF estivesse desligado, o reconhecimento teria que ser visual –o que, a alta velocidade, é muito difícil. Os pilotos dos caças teriam confundido os UH-60 Blackhawk com helicópteros Hind das Forças Armadas do Iraque.
A zona de exclusão do norte do Iraque foi estabelecida depois da Guerra do Golfo, em 1991, para impedir que o governo iraquiano usasse aviões para atacar os curdos separatistas que vivem naquela área do país.
A porta-voz da Casa Branca, Dee Dee Myers, rechaçou ataques de parlamentares republicanos de que o acidente teria sido consequência da diminuição dos gastos militares promovida pelo governo Clinton. "Considero qualquer tentativa de politizar uma tragédia como essa altamente inapropriada".
As críticas haviam sido feitas pelo senador John McCain, do Arizona, e pelo deputado Newt Gingrich, da Georgia. McCain é piloto reformado da Força Aérea dos EUA.
O presidente Bill Clinton disse que nenhum resultado das investigações será mantido em segredo. O acidente reacendeu oposições nos EUA ao envolvimento do país em missões no exterior.
"Vamos ficar em cima disso, trabalhar e fazer um relatório completo para o povo americano", disse Clinton.
No acidente morreram 15 americanos, cinco curdos, dois britânicos, três curdos e um francês. Os corpos dos americanos foram transportados para uma base aérea norte-americana na Alemanha para reconhecimento.

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