São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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D. Luciano estranha aliança PSDB-PFL

DA FOLHA SUDESTE

D. Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), disse ontem que, como cidadão, acha estranha a aliança entre o PSDB e o PFL.
"Acho que é um casamento meio forçado", afirmou em Itaici (SP). Ele fez questão de frisar que se trata de uma opinião pessoal, que não reflete a posição da CNBB, e pediu aos jornalistas que não a divulgassem.
O arcebispo justificou sua posição sobre a aliança dizendo que "até hoje as posições do PSDB não coincidem com as do PFL".
"Agora, você pode dizer, até quando? Eles estão mudando o programa também", completou.
O arcebispo pretende apresentar ao senador Fernando Henrique Cardoso, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, no encontro solicitado pelo senador, um elenco de questões compiladas pela Igreja como problemas que precisam de soluções urgentes.
Entre essas questões ele aponta a concentração de renda, da terra, concentração do poder nas mãos de poucos, o aumento dos excluídos e a necessidade de aumento da participação do cidadão.
O encontro com FHC estava programado para ontem, em Campinas, mas foi adiado devido à morte do irmão caçula do senador, Antônio Geraldo Cardoso. Ainda não foi acertada nova data.
O arcebispo cita também a necessidade de que o desenvolvimento econômico esteja submetido à dimensão social, direcionado à melhoria das condições de vida dos cidadãos. Ele inclui ainda a prioridade dos valores éticos, em contraposição à corrupção.
Essas, segundo Almeida, são as mesmas questões apresentadas ao candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva no encontro da última segunda-feira em São Paulo.
Elas propostas fazem parte da publicação "Brasil: alternativas e protagonistas", um texto preparatório para a 2ª Semana Social Brasileira, que acontece de 24 a 29 de julho em Brasília.
O arcebispo disse que seus encontros não podem ser interpretados como apoio a este ou aquele candidato. "Estamos abertos a contatos com todos".
Ele afirmou que tanto Lula quanto FHC manifestaram desejo de ir a Itaici falar aos bispos. Ambos foram informados que esse procedimento foge das regras da assembléia.

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