São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Vendendo autopeças a japoneses

HELCIO EMERICH

A produção das fábricas japonesas de automóveis transplantadas para os EUA já representa cerca de 20% do total de carros de passeio produzidos no mercado americano. As crescentes pressões do "trade" nipônico podem elevar essa participação nos próximos três ou quatro anos para 25%. Ou até mais, se os japoneses resolverem, por exemplo, entrar para valer no segmento dos veículos utilitários (especialmente picapes).
É um crescimento que incomoda não só as três megamontadoras americanas (General Motors, Ford e Chrysler), como perturba também a indústria de autopeças: se por um lado o avanço da produção transplantada abre novas frentes de vendas de peças americanas às fábricas japonesas, por outro atrai a presença dos próprios fornecedores sediados no Japão, que vêm aumentando suas facilidades de produção dentro do território norte-americano.
Na competição com os novos "inimigos", os fabricantes americanos de autopeças enfrentam ainda o problema das diferenças culturais que separam a empresa japonesa das suas similares ocidentais.
Trata-se de uma barreira tão complexa que Mathew Jahnke, diretor internacional de vendas da GFM Fanuc Robotics Corp., uma companhia que fornece equipamentos para fábricas japonesas e americanas, escreveu um decálogo sobre a melhor maneira de negociar com os nipônicos.
Além de recomendações de ordem puramente técnica (como demonstrar os produtos que se pretende vender, valorizar os aspectos tecnológicos, abordar a questão dos preços etc), a cartilha traz dicas curiosas do tipo: como cumprimentar um executivo japonês, como tomar posição numa mesa de reuniões e outras.
Equívocos que devem ser evitados para não "melar" uma negociação: nunca tente vender nada aos "japs" durante um drinque ou um jantar e jamais espere que um filho do Sol Nascente tome qualquer decisão individualmente (eles só resolvem as coisas através do famoso "consensus"...).
Recebendo com flores
A Travelodge é uma divisão de Fort Hotels Inc., cadeia de hotéis que conta com mais de 500 estabelecimentos e 40 mil apartamentos nos EUA, Canadá e México. Até o dia 15 de maio próximo, numa promoção que começou em fevereiro deste ano, ela estará oferecendo a todos os clientes que se hospedarem durante uma ou duas noites por semana, meia dúzia de rosas ("perfumadas", diz a propaganda).
A idéia pode parecer simplória e pouco atraente para quem está acostumado a pacotes oferecidos por hotéis brasileiros, que não raramente incluem vantagens como traslados gratuitos, coquetel de boas-vindas e outras mordomiazinhas.
Mas para divulgar sua florida promoção, a FH está investindo a bagatela de US$ 2,2 milhões numa campanha em jornais e TV.
Quem sustenta o esporte
Em 1993, as verbas aplicadas por anunciantes de todo o mundo no patrocínio de atividades esportivas somaram a gigantesca cifra de US$ 9,6 bilhões.
As companhias americanas lideraram os investimentos, com US$ 3,7 bilhões (a previsão para este ano é de US$ 4,3 bilhões).
As empresas européias ficaram em segundo lugar (US$ 3,2 bilhões), as japonesas em terceiro (US$ 1,6 bilhão) e as dos demais países em quarto (US$ 1,1 bilhão).
Nos EUA, impulsionado por eventos como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, o apoio financeiro dos anunciantes ao esporte vai representar 67% das verbas destinadas aos patrocínios em geral.
Detalhe não muito edificante para as corporações americanas: enquanto os investimentos nas várias modalidades esportivas em 94 vão totalizar US$ 2,9 bilhões, o dinheiro para o incentivo à cultura não chegará a US$ 300 milhões.

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