São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994 |
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As lâmpadas "piratas" invadem lojas brasileiras
FÁTIMA FERNANDES
Pesquisa que acaba de ser concluída pela Philips mostra que esses produtos –que já representam 6,2% do consumo no Brasil, estimado em US$ 540 milhões em 1993- são "piratas". A Philips e outros três fabricantes instalados no Brasil –G.E, Osram e Sylvania– chamam de "piratas" as lâmpadas importadas que não seguem as exigências do Código de Defesa do Consumidor e do IEC (International Eletrotechnical Committee), que reúne as normas para fabricação do produto. Segundo resultado da pesquisa feita pela Philips –que coletou 200 lâmpadas importadas que estão à venda nas principais capitais do país–, esses produtos oferecem risco para o consumidor. "É que a sucata do mundo inteiro está vindo para o Brasil", diz Isac Roizenblatt, gerente-técnico da empresa e coordenador do grupo setorial de lâmpadas da Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação). Nas embalagens da maioria das marcas ofertadas, não estão indicados os países de origem dos produtos e a potência das lâmpadas. A Philips também detectou que algumas embalagens fazem propaganda enganosa –por exemplo, informam que a vida útil da lâmpada é muito maior do que ela dura de fato. A Philips detectou vários desses casos. Um deles é o da lâmpada do tipo fluorescente compacta, de 18 Watts de potência, da marca Power Saver, de Hong Kong. A embalagem informa que ela tem 8.000 horas de vida. No teste da Philips, ela tem apenas 15 horas. E mais: não tem 18 Watts de potência, mas 10,7 Watts. A procura pelas lâmpadas "piratas" -elas vêm especialmente dos países da Ásia e do Leste europeu- está crescendo ano a ano porque chegam a custar até 70% menos do que uma similar nacional. "Isso porque elas entram no Brasil de forma ilegal", diz Roizenblatt. As lâmpadas "piratas" que estão fazendo mais sucesso no país são as halógenas e dicróicas, usadas especialmente nas vitrines das lojas, hotéis e restaurantes. O consumo desse tipo de lâmpada no Brasil está avaliado em 2 milhões de unidades por ano (o equivalente a US$ 10 milhões). Nos cálculos de Roizenblatt, as "piratas" já participam com 80% desses números. Elas avançam em outros tipos. Do mercado de lâmpadas para automóveis, de US$ 80 milhões, elas representam 30%. Do de lâmpadas incandescentes, as comuns, de US$ 240 milhões, elas têm 3%. Do de fluorescentes compactas, de US$ 10 milhões, elas têm 3%. Os números são estimados. "Estamos bastante preocupados. As lâmpadas piratas impedem o nosso crescimento", afirma Roizenblatt. Segundo ele, desde a abertura do mercado brasileiro, o preço real das lâmpadas feitas no país caiu 30%, em média. Texto Anterior: Faturamento da indústria cai 30% Próximo Texto: Vendendo autopeças a japoneses Índice |
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