São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Naisbitt ajuda a decifrar uma revolução eletrônica

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Chega às livrarias "Paradoxo Global", o novo livro do norte-americano John Naisbitt, que desembarca hoje no Rio.
Naisbitt já é conhecido dos brasileiros pelos seminários que atraem centenas de executivos mas, principalmente, pelo best-seller "Megatendências", em que exercitou sua vocação de futurólogo.
Em "Paradoxo Global", o autor retoma o fio da meada. A diferença entre as duas obras é que, desta vez, ele mergulha com fôlego de especialista em número um pouco menos diversificado de temas: do turismo à China, da ética empresarial à emergência dos países latino-americanos.
A galáxia das comunicações ocupa lugar de destaque. O autor aborda o impacto que as novas tecnologias digitais terão sobre o cotidiano dos consumidores e como estão revirando, desde já, os negócios do setor.
Não se trata apenas do surgimento de algumas mídias alternativas, a exemplo das revistas em CD-ROM, que podem ser lidas em terminais e até ouvidas e começam a ser editadas também no Brasil. Há muito mais.
"A indústria da mídia –editoras, estúdios cinematográficos, canais de TV– convertem bibliotecas imensas de livros, de obras de referências, filmes e vídeos em máquinas de fazer dinheiro", afirma.
O casamento entre computadores, telefones e TV a cabo movimentarão, até o ano 2.000, negócios que ultrapassarão a cifra de US$ 3 trilhões, segundo a previsão de "experts", como John Sculley, presidente da Apple.
Neste capítulo, o paradoxo a que se refere o título é explicitado pelo autor:
"'A medida em que a tecnologia permite às televisões funcionar como telefones e computadores e às linhas telefônicas transmitir shows de TV e informações de computadores pessoais, as empresas telefônicas e de TV a cabo competirão mais diretamente e, paradoxalmente, cooperarão mais estreitamente".
Dentro de poucos anos, sustenta Naisbitt, as fronteiras entre empresas de TV a cabo, telefônicas e de computadores se confundirão.
O passo inicial nessa direção foi a megafusão, selada em outubro do ano passado, entre a Bell Atlantic (telefonia) e a Tele-Communications (cabo).
O grupo Time Warner, por seu lado, prepara-se para fornecer chamadas telefônicas aos assinantes através de seu sistema de TV a cabo. Companhias de telefonia querem sistemas de cabo para explorar o nicho dos telefones sem fio, mais baratos que as transmissões por rádio.
Uma infinidade de novos produtos, prevê ele, serão fornecidos rotineiramente: do disque filme (casamento de TV com telefone) aos serviços interativos (pagamento de contas e reservas de viagem através da tela de TV).
A fragmentação da mídia deixará de ser uma hipótese quando a Tele-Communications, a maior empresa mundial de TV a cabo, tornar disponíveis aos seus assinantes nada menos que 500 canais.
Naisbitt afirma, por tudo isso, que os equipamentos de telecomunicação serão as redes de transporte do século 21. Sem elas, conclui ele, será impossível fazer a economia funcionar.

"Paradoxo Global", de John Naisbitt. Tradução de Ivo Korytowski. Editora Campus. 328 páginas. Preço: 28,50 URVs.

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