São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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CAC vende empresas de fertilizantes

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), até 1992 vice-líder na fabricação de fertilizantes no país, vendeu, na última semana, suas empresas da área.
A partir desse mês a CAC finaliza negociações para a venda do shopping Center Cotia, da empresa de sementes Agroflora e da indústria de supergelados, todos localizados em São Paulo.
No setor de fertilizantes, a Fosfértil comprou a unidade da CAC de Uberaba (MG) e a Fertibrás ficou com fábrica localizada em Mogi das Cruzes (SP). As duas unidades foram vendidas por valores próximos a US$ 8 milhões.
A Cooperativa Agrícola de Cotia vendeu também participação acionária em um pool formado com outras cinco empresas que compraram, em leilão de privatização, a GoiasFértil, Fosfértil e Utraféril, em 93.
Com a saída da CAC, que detinha 8% do mercado de fertilizantes no país (atrás somente do grupo Trevo), o setor ficou concentrado nos ex-sócios da cooperativa no leilão de privatização.
Manah, Solorrico, Fertiza, Fertibrás, Takenaka e Iap ficam com percentual que variam de 45% a 50% do mercado de fertilizantes produzidos no Brasil.
Para alguns tipos de matérias-primas, como o nitrogênio e os produtos fosfatados, esse percentual cresce para até 70%.
Os outros grandes fornecedores do setor de fertilizantes são os grupos Trevo e Ipiranga/Serrano.
Shopping
A Folha apurou que a CAC negocia a venda de parte de suas ações no shopping center Cotia, cuja inauguração estava prevista para outubro próximo, na zona oeste de São Paulo, para a construtora Costa Previato.
A empresa de sementes Agroflora está sendo negociada com uma multinacional japonesa.
Já a agroindústria de supergelados, cujas vendas são lideradas pelas batatinhas Bint, recebeu ofertas do grupo Lirba, da Otker, da Pepsico, do grupo canadense Mccain e da Nutrimentas/Pescal, entre outras quatro propostas.
A Folha tentou localizar o presidente da CAC, Irineu Koyama, para confirmar as negociações, mas foi informada que ele esteve fora de São Paulo na última semana.
Desmobilização
Desde março a CAC iniciou processo para dar autonomia administrativa aos seus 78 núcleos de cooperados.
A antiga Cooperativa Agrícola de Cotia, que faturou US$ 1 bilhão em 1992 e chegou a ser a maior cooperativa agrícola do mundo, está ganhando a feição de uma central de compra e vendas de produtos agrícolas.
A crise da cooperativa veio a público há um ano, quando a entidade deixou de pagar os juros de uma dívida estimada em US$ 900 milhões junto a bancos, cooperados e fornecedores.
Os bancos credores decidiram intervir na CAC e iniciaram processo de saneamento. Na época ficou estipulado que seriam liberados US$ 60 milhões para que o saneamento pudesse ser executado.
A liberação dos novos recursos ainda está na pendência de como os bancos irão lançar os empréstimos destinados a CAC, que não foram quitados, em seus balanços.
O governo negou autorização para que parte da dívida pudesse ser abatida do total a ser recolhido como imposto de renda pelas instituições financeiras, o que gerou impasse nas negociações.

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