São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Pode ser a 'Copa Romário', diz Koeman

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

O capitão da Holanda Ronald Koeman (31 anos, 1,81m, 82kg) é o jogador chave no time do Barcelona, da Espanha.
Como líbero de um time que joga super-ofensivamente, Koeman é responsável pela organização das jogadas e é ele que impõe o ritmo de jogo da equipe.
Ele também é um cobrador de faltas com tiros fortes e precisos. Por isto, divide com Stoitchkov a vice-artilharia do Barça, com 11 gols. Romário, artilheiro, fez 27.
Com as novras regras que pretendem punir rigorosamente as faltas no próximo Mundial, ele é candidato a fazer muitos gols na execução das infrações.
"Poucos jogadores no mundo são capazes de evitar a pressão como ele evita", escreveu Joahn Cruyff, em seu último livro "Meus Futebolístas e Eu".
Cruyff, que dirige Koeman no Barça, acrescenta: "Ele é frio, calculista, contundente quando faz falta e muito esperto em situações limites".
Ronald Koeman, que no último sábado não jogou contra o Valencia por suspensão, é mais magro do que aparenta em campo, formal, e fala um bom espanhol.
Depois de uma manhã de treinamentos no Camp Nou, e antes de uma entrevista para a televisão americana, ele conversou com exclusividade com a Folha.
Koeman afirma que a Copa do Mundo de futebol que começa em dois meses nos EUA, poderá ser a Copa do Romário –que no sábado se machucou.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
*
Folha - Qual é a seleção favorita para ganhar a Copa do Mundo dos EUA?
Ronald Koeman - Eu creio que não há apenas uma equipe favorita. Eu acho que existem algumas seleções que podem ir longe.
A Alemanha sempre vai em frente nos mundiais. A Itália tem um time forte. O Brasil tem um time fortíssimo. A Argentina sempre chega bem nos torneios.
Estes são os times de máximo favoritismo. Além deles, existem boas equipes como a Holanda, a Espanha, a Colômbia.
Como está a Holanda?
Koeman - A Holanda está bem. É claro que para ganhar a Copa é preciso jogar muito bem, não basta ter sorte.
Temos ums boa equipe, uma maneira de jogar divertida, muito ofensiva. Recuperamos o Gullit, o que para um Mundial é muito importante.
Infelizmente o Van Basten ainda não se recuperou. Como o Van Basten, a Holanda poderia ser campeã. Sem ele, fica bem mais difícil.
Folha - O sistema brasileiro de jogar não usa o líbero. Como você, um dos melhores liberos do mundo, vê este sistema de jogar dos brasileiros?
Koeman - Isto depende do sistema de jogo de cada time. Aqui no Barcelona nós jogamos com o líbero e dois marcadores. É o mesmo sistema da Holanda.
São dois sistemas de jogos muito ofensivos. O Brasil joga com quatro atrás, em linha, sem líbero. Depende de cada sistema. Na Holanda nós jogamos com o líbero.
Folha - Mas o líbero não permite que o time possa ser organizar melhor as jogada de ataque já na linha de defesa?
Koeman - Sim, é diferente. Nós na Holanda estamos acostumados a jogar com muita força desde a defesa. Muitas vezes, nós costruímos o ataque desde a defesa.
Às vezes nós, passamos poucas bolas pelo meio de campo e costruímos muitas jogadas a partir do líbero.
Folha - Quais são, na sua opinião, os melhores jogadores de hoje, no futebol da Europa?
Koeman - Existem alguns jogadores que podem fazer a diferença nesta Copa. Eu citaria o Baggio, da Itália, por exemplo.
O Bergkamp, da Holanda, que não está em boa fase na Itália, mas é um jogador de muitas qulidades.
Para citar outros, tem o Romário, do Brasil, que eu conheço perfeitamente. Ele é excelente, muito perigoso, marca muitos gols. Pode ser a Copa do Romário.
Folha – Se você tiver que jogar contra o Romário, qual será o segredo para pará-lo?
Koeman - Se ele estiver no seu melhor nível, não existe uma maneira de pará-lo. Ele é rapídissimo nos primeiros metros.
Se estiver no seu dia, é "imparável".
Folha - Mas você marcou duramente e parou o Bebeto no último jogo do Barça contra o La Coru¤a?
Koeman - Sim, mas o Bebeto é diferente do Romário. Ele tem outras qualidades diferentes do Romário. Ele também é muito bom.
Porém o Romário com a bola, nos primeiros metros, é muito mais difícil de ser marcado do que o Bebeto.
O Bebeto busca mais os arremates e eu penso que não é tão hábil com a bola quanto o Romário.
Um dia tudo deu certo para mim ao marcar o Bebeto. Mas ele também tem qualidades para te surpreender. Ele é um grande atacante.
Folha - O sistema defensivo do Barcelona é muito criticado.
Koeman - Nós jogamos muito ofensivamente. E às vezes nós deixamos muitos espaços para os adversários. Mas jogando assim, ganhamos muitos títulos.
Eu não me incomodo se tomamos um ou dois gols. Se fizermos mais um do que eles, também são dois pontos. Esta é uma maneira de pensar que é boa para nós.

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