São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Barrichello samba para comemorar 3º lugar

FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

Barrichello samba para comemorar 3.º lugar
Rádio da Jordan informa ao piloto brasileiro que, pela primeira vez em sua carreira, ele estava no pódio
Rubens Barrichello cruzou a linha de chegada, demorou a entender que a corrida tinha acabado e começou a gritar pelo rádio embutido em seu capacete: "Em que lugar eu cheguei?" Ouviu um chiado e, depois, veio a voz de seu engenheiro, Gary Anderson.
"Well done, Rubens", falou o inglês. Bom trabalho, numa tradução livre. Foi mesmo o que fez o brasileiro ontem em Aida, no GP do Pacífico.
Em seu 18º GP de F-1, Rubinho subiu no pódio. Terminou a corrida em terceiro. E comemorou sambando diante das câmeras de TV.
Barrichello, 21, ultrapassou a fronteira que separa os pilotos promissores daqueles que têm chance de ser alguma coisa na vida.
Sua "vitória" foi elogiada por todos, de Senna a Flavio Briatore, diretor da Benetton.
Com o resultado, Rubinho é o vice-líder do Mundial (7 pontos). Ao lado de Schumacher, o líder, é o único que pontuou nas duas etapas –foi quarto no Brasil.
"O pódio valeu pelo ano inteiro", comemorou Rubinho, dedicando a corrida a seu "manager" Geraldo Rodrigues. "Ele dormiu no chão do meu quarto para estar por perto quando eu precisasse."
A história da corrida de Barrichello é a história de uma estratégia bem elaborada. Ele largou com pneus B, mais duros e resistentes, porém mais lentos.
Parou para trocar tarde, na 31ª volta, e colocou B de novo. A 20 voltas do final, Rubinho pôs os compostos C, mais macios e velozes, para garantir a posição.
Em seu segundo pit stop, quase que tudo "foi pela janela", como disse. O motor do carro morreu. A equipe foi rápida e o ligou.
A duas voltas do fim, Rubinho recebeu sinalização de que faltavam três, e por isso ficou surpreso ao ver a bandeira quadriculada.
"Eu não acredito que subi no pódio. Eu sempre pensei pequeno para colher grande", filosofou.
Rubinho considera que o pódio de Aida pode ter marcado o início de uma nova fase na F-1. "O Schumacher, com certeza, é o símbolo de uma nova era", falou.
O fato de Christian Fittipaldi ter chegado em quarto só reforça essa tese. "A gente cresceu junto no kart e chegou até aqui. Ainda vamos estar juntos no pódio."
Rubinho percebeu que o pódio era possível quando viu o carro de Martin Brundle, que estava a sua frente, sendo recolhido aos boxes. "Vi no telão que fica diante das arquibancadas", contou.
Abraçado ao troféu, depois da corrida, Rubinho ligou para o pai, Rubão, em São Paulo. Encontrou-o no carro, a caminho de casa, no telefone celular. "Não chora não, pai. Toma todas hoje, por mim e por você", gritou. Ele mesmo não aguentou. Chorou e tomou –champanhe, diga-se de passagem.(Flávio Gomes)

LEIA MAI
Ssobre F-1 na pág. 4-12

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