São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Senna culpa jovens pilotos e o pace-car

FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL

Minutos depois de ser abalroado por Mika Hakkinen na primeira curva da primeira volta do GP do Pacífico, Ayrton Senna partiu para o ataque ao finlandês e ao excesso de vontade dos jovens pilotos da F-1.
Duas horas depois do fim da corrida, mais calmo, o brasileiro jogou parte da culpa pelo acidente que o tirou da prova no carro-madrinha, o pace-car, que em Aida teve uma função inédita: guiar o pelotão de largada na volta de apresentação.
Segundo Senna, a invenção da direção de prova foi "absurda". "Eu descobri por acidente no sábado à noite que eles iam usar o pace-car. Fui contra. Eles argumentaram que no Brasil os carros demoraram muito para se juntar no grid."
Ayrton continuou: "Com o pace-car na frente a gente foi obrigado a ir tão lento que os pneus perderam a temperatura e a aderência, e os freios ficaram frios. Na largada, os carros patinaram e na primeira curva todo mundo escorregou".
Vem então a explicação, ou parte dela, para a batida de Hakkinen, da McLaren. "Ele escorregou e não conseguiu frear", completou Senna.
Foi a segunda vez no ano que o tricampeão mundial não terminou uma corrida. No Brasil, rodou na 56ª volta.
Ontem, largou mal, mas disse que chegou tranquilo à primeira curva. "Estava seguro quando ele bateu. Me assustei porque achei que alguém ia passar por cima de mim."
"O que está ocorrendo na F-1 é que tem muitos pilotos jovens e inexperientes querendo mostrar seu talento. Eles expõem todos os demais a acidentes e isso vai continuar se não fizerem alguma coisa."
Para Senna, Mika deveria ser chamado à atenção pela FIA e "avisado que da próxima vez vai receber uma punição".
Outro que se irritou com Hakkinen foi Damon Hill, companheiro de Senna na Williams, que rodou ao tentar ultrapassá-lo. "Ele é esquisito. No grid, vem te cumprimentar. Depois bate em você. É tipicamente escandinavo."
Mika falou que o que aconteceu foi um "acidente de corrida". "Ele entrou na minha linha e eu escorreguei. Toquei atrás do carro dele. Eu sobrevivi. Depois fui pedir desculpas. Não posso dizer que palavras ele usou comigo, só te digo que não foram simpáticas."(FG)

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