São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994 |
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Suicídio volta a ser discutido
ANTONINA LEMOS; RODRIGO LEITE
Segundo o psicanalista Tenório Lima, 53, o efeito positivo de uma morte violenta como a do líder do Nirvana é fazer com que as pessoas pensem claramente sobre o assunto, o que é bom. "As pessoas geralmente têm medo de falar sobre esses temas tabus, o que acaba acontecendo após tragédias como essa", diz. A estudante de direito Patrícia Vanzoline, 21, não tem o menor problema em falar sobre a sua tentativa de suicídio, aos 15 anos, pois hoje acha que o que fez foi uma bobagem, "coisa de adolescente". "Eu andava muito triste, não me dava bem com os amigos e com a família', diz. A garota tomou uma cartela de antidepressivos. "Na hora eu não pensei claramente em morrer, só sentia vontade de fugir de tudo." Patrícia foi encontrada em seu quarto por sua mãe. "Contei tudo a ela. Fomos ao hospital e fiz uma lavagem", conta. Para adolescentes deprimidos, Patrícia aconselha: "Se você não sabe o que fazer, não faça nada. Espere a depressão passar." Lima acredita que a insatisfação com a vida é normal na adolescência. "As dúvidas e angústias são grandes. Mas a maioria passa por isso numa boa." Segundo o psiquiatra Jair Mari, 40, da Escola Paulista de Medicina, pesquisas no exterior mostram um pequeno aumento no suicídio de jovens após a morte de ídolos. "Mas é algo muito localizado, que nem é notado nas estatísticas." Para a psiquiatra Karla Soares, 29, não há razão para prever um aumento do número de suicídios. "Estas pesquisas são feitas no exterior. No Brasil as condições são diferentes". Karla faz doutorado sobre suicídio entre teens. No ano passado, foram registrados 333 suicídios no Brasil entre teens com 15 a 19 anos. Outros 1.218 suicidas tinham entre 20 e 29 anos. Texto Anterior: Cantor foi processado pelos pais de 2 teens; Lenda de suicídio dá origem à torcida; Banda metal também sofreu processo Próximo Texto: Escola de Kurt aconselha alunos Índice |
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