São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Debate ensina alunos a escolher candidato

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Debate ensina estudantes a não se enganar com políticos
Autores de livro aconselham a desconfiar dos candidatos a presidente
A geração cara pintada vai votar pela primeira vez na eleição de um presidente da República.
Para dar algumas dicas sobre a escolha de candidatos, a Folha promoveu na sexta-feira o debate "Como não ser enganado nas eleições".
Participaram o diretor da sucursal da Folha em Brasília, Gilberto Dimenstein, o publicitário Washington Olivetto e o cientista político Bolívar Lamounier.
Primeiro conselho: não embarque nessa de atacar todos os políticos de forma generalizada.
"A política e a democracia são inseparáveis e o contrário da política é a violência", disse Lamounier.
O problema então é escolher o candidato que seja realmente um político no sentido clássico.
Lamounier explica: "Político é o que se preocupa com o bem estar da comunidade. Por esta definição, o João Alves (o principal anão da máfia do Orçamento) não é um político".
O segundo problema é escolher, entre os políticos, aquele que se identifica com você.
Eles deram algumas pistas. "Você deve ver as propostas que o candidato apresenta para melhorar o país e fazer uma análise para saber se elas são viáveis", aconselhou Olivetto.
Cuidado com propostas mirabolantes, acrescentou. "Na publicidade, eu não posso vender uma pasta de dente e dizer que ela combate a dor de cabeça".
Dimenstein alertou para o conto do "salvador da Pátria". "O Brasil tem problemas complexos que não comportam soluções simples. Não troque um projeto de governo por slogans como 'caçador de Marajás"'.
Também falou de ataques pessoais, que prometem ter um peso especial nessa campanha.
Para Dimenstein, "não interessa se o candidato é homossexual ou tem um filho fora do casamento. O que importa é seu programa de governo".
A leitura correta de pesquisas eleitorais é fundamental para que você saiba para onde caminham as aleições.
Algumas vezes os jornais dão uma interpretação muito particular às estatísticas, que nem sempre corresponde à realidade.
O diretor do Datafolha, Gustavo Venturi, ensinou algumas técnicas para que você entenda as pesquisas: 1) saber quando ela foi feita, 2) conhecer o universo que ela representa, a metodologia e as perguntas formuladas e 3) saber a margem de erro.
O público do debate era formado por estudantes dos colégios Logos, I.L. Peretz, Santa Cruz e Oswald de Andrade.
Antes do debate, foi feita uma enquete com 89 teens sobre intenção de voto. Ganhou Fernando Henrique Cardoso, com 43%. Lula recebeu 31% e Quércia 1%.
Dimenstein considerou o número de votos nulos alto: 18%. E elogiou o fato de a educação ter sido considerada a principal prioridade do próximo governo.

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