São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Para que existe sexo, pensam especialistas

MARCELO PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

É evidente que o sexo é tema corrente na enumeração dos grande mistérios da natureza humana. Recentes pesquisas comprovam a inexistência de outras espécies que tenham criado mecanismos que tornem a reprodução tão complexa: manuais, tabus, apetrechos e utensílios tais como afrodisíacos, bolinhas mágicas, anéis de cobre, lubrificantes, modelos plastificados dos membros em ação, sem contar a vasta indústria que incrementa a fantasia sexual do homem, como, telefones, vídeos, revistas e bailes de carnaval.
O sexo está presente em todos os elementos que compõe o bicho da espécie humana, seja em anúncios de cigarros e bebidas, com modelos reproduzindo, no ato de fumar ou beber, as complicações e os efeitos do sexo oral, seja em formatos pênicos e vaginais de produtos do uso doméstico, como canetas esferográficas, palhas de aço, jarras, cabos de panelas, rolos de macarrão, e embalagens de desodorantes, dentrifícios e detergentes.
Muitas atividades do cotidiano do homem estão impregnadas de sentido e gestualidade erótica: colocar uma fita de vídeo no aparelho ou uma tampa numa caneta, enfiar uma panela no forno, limpar uma torneira, fechar gavetas, passar um batom, enfiar a chave na fechadura. Gestos como levantar a antena do telefone celular, segurar um rodo ou engatar a marcha são inequívocas transferências do desejo sexual.
E se a constituição da inteligência se dá através da palavra, o que dizer de expressões como esquentar o motor, molhar as mãos, abrir a geladeira, chupar o sorvete, picar a cebola, atirar o pau no gato, lamber o pirulito, lambuzar-se de doces, meter a moeda, trepar na escada, enfiar uma bolacha, comer a banana e gozar da minha cara?
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), entre os extremos do planeta cem milhões de casais fazem amor no intervalo de um dia. São cem milhões de camas rangendo, e de vizinhos irritados com o barulho. São, aproximadamente, duzentos milhões de orgasmos, quatrocentos milhões de pernas se entrelaçando, e trilhões de espermas em movimento, por dia. O que leva o homem a cometer tamanho desgaste se, está comprovado, o sexo não se presta apenas à reprodução? Na próxima semana, continuamos com mais um episódio da série "Mistérios da Natureza Humana".

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