São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 1994
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Pantera arrebenta parada americana

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O peso insustentável de "Far Beyond Driven" está no primeiro lugar da parada de álbuns dos EUA. Uma zebra colorida.
O novo disco do Pantera saiu com três capas diferentes –um velho truque de vendagem difundido pelo pessoal dos quadrinhos. Deu certo: sem tocar em rádio, Pantera arrebentou de cara.
"Far Beyond Driven" é ainda mais pesado que o disco anterior, "Vulgar Display of Power".
A cada disco, Pantera adquire mais toneladas. Nunca poderá fazer propaganda de Coca diet.
Nada resta do metal para meninas do início da carreira da banda. Pantera sofreu uma mutação total.
Começou como toda banda vagabunda, fazendo covers e esperando virar pôster em quarto de cabeludas. Agora, é quase tão monstruosa quanto as bandas de death metal –as mais pesadas da cena.
O pior palavrão para ofender uma banda de metal é "poser". Significa banda que faz tipo. Tem quem veja na trajetória do som bonitinho para a cara-feia do Pantera apenas tipo.
Mas depois de chamar Pantera de "poser", convém contar os dentes da boca.
Phil Anselmo, a estrelinha da banda, só fala em porrada. Sua voz já não lembra tanto a de Henry Rollins, da Rollins Band. Mas as cordas vocais devem ter músculos maiores que os bíceps de Rollins.
A música é um show de violência. É tudo muito básico. Porrada no estômago e chute na cara.
Este tipo de metal tem nome: thrash. Quer dizer espancamento. Apropriado.
Terry Date co-produz –com o baterista Vinnie Paul, mesma dobradinha do disco anterior. Saiu do último álbum do Prong, outra banda cavala, direto para o Pantera. Que dor de cabeça!
No novo disco, Pantera vai de Sepultura a Helmet nos arranjos instrumentais.
As músicas são o seguinte: bateria quebrada, com dois bumbos chutados, guitarra repetitiva, minimalista, distorcida e chumbada. O baixo é um estrondo.
As letras não têm profundidade alguma. Anselmo fica o tempo inteiro dizendo que é poderoso, bom de cama e um bom substituto para Jesus Cristo.
A fixação cristã é típica do metal. Se não é Satã que vem pegar, é o mundo cruel que crucifica.
Como boa banda metal, Pantera foi influenciada por Black Sabbath. Saudosa dos tempos em que era uma banda cover, fecha o disco com uma versão boazinha de "Planet Caravan", do Sabbath.

Disco: Far Beyond Driven
Banda: Pantera
Gravadora: Warner Music
Preço: CR$ 15 mil (em média, CD)

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