São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Bispos reagem a declarações de d. Luciano

DA FOLHA SUDESTE

As declarações de d. Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, manifestando "estranheza" a respeito da aliança entre PSDB e PFL foi recebida com "certo impacto" entre os bispos presentes à 32ª Assembléia Geral da entidade.
A afirmação é de d. Serafim Fernandes de Araujo, arcebispo de Belo Horizonte e vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Segundo Araujo, a avaliação sobre a aliança reflete uma opinião pessoal do presidente da CNBB. Araujo disse que é difícil fazer uma avaliação do quadro eleitoral.
Para d. Jayme Chemello, 61, bispo de Pelotas (RS), as declarações de Almeida, feitas anteontem, foram uma iniciativa pessoal."Há uma certa admiração (em relação à aliança), que é um pouco geral. PSDB e PFL, pareceria que não ficavam bem."
Chemello disse que, entre os bispos, houve o entendimento de que foi uma opinião pessoal emitida por Almeida.
A 32ª Assembléia Geral da CNBB termina sexta-feira em Itaici, município de Indaiatuba (110 km a noroeste de São Paulo).
Seminaristas
Em um período de dez anos, entre 82 e 92, o número de ordenações de padres teve um crescimento de 90,73%.
Esses número inclui padres diocesanos (que atuam nas paróquias) e os religiosos (ligados a ordens, como a franciscana).
Segundo o bispo de Pelotas, em 82 foram ordenados 421 padres contra 803 em 92.
Segundo o bispo, o motivo do aumento é a multiplicação dos seminários diocesanos. Segundo Chemello, existem cerca de mil seminários hoje no Brasil.
A despolitização dos jovens que chegam aos seminários nos últimos anos é uma das questões em discussão na assembléia.
Segundo o documento sobre o tema que serviu de subsídio para as discussões, os atuais seminaristas têm como característica uma tendência ao individualismo.
"São disponíveis para o relacionamento com o próximo, particularmente com os jovens da mesma idade, e para a amizade. Falta-lhes, porém, aquela aguda consciência social que caracterizou os estudantes brasileiros nos anos 60 e 70 e nem sempre são portadores de ideais coletivos e elevados", diz o texto.
Outra questão apontada pelo documento como um desafio nessa área é a frágil formação intelectual dos jovens que procuram os seminários.

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