São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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Organização vai mesmo investigar jornalistas

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Organização vai mesmo investigar os jornalistas
O Comitê Organizador da Copa do Mundo voltou atrás na decisão de rever a exigência de investigações sobre os jornalistas que vão cobrir o evento.
O FBI (polícia federal dos Estados Unidos) deverá mesmo investigar os jornalistas que pedirem credenciamento para cobrir a competição.
"Estamos a 60 dias da Copa. Não vai dar para fazer nada agora", disse ontem à Folha John Griffin, chefe de imprensa do Comitê em Nova York.
"Esta semana vamos enviar as confirmações para aqueles que querem se credenciar, e não vamos mais mudar nada."
Vários jornais norte-americanos e de todo o mundo têm protestado contra a decisão do Comitê Organizador de conduzir investigações, através do FBI, sobre os jornalistas que estão se credenciando para o Mundial de futebol.
Os organizadores da Copa exigem que todos os interessados na cobertura dos jogos assinem um termo de compromisso renunciando à "privacidade com fins de segurança".
Na sexta-feira pela manhã, Griffin havia dito à Folha que a preocupação dos jornais era "ridícula". Disse também que essas investigações eram praxe em grandes eventos esportivos nos EUA.
A Folha enviou uma carta de protesto a Alan Rothenberg, presidente do Comitê Organizador da Copa. O texto aponta "prepotência" e "arbitrariedade" na iniciativa.
O jornal "The New York Times" enviou mensagem ao Comitê no último dia 11 qualificando as investigações como "grotescas, ultrajantes e inapropriadas".
Outro diário norte-americano, o "Boston Globe" orientou seus jornalistas a simplesmente não responderem à determinação.
Na sexta-feira à noite, Griffin afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuter, que o Comitê Organizador em Los Angeles, Califórnia, poderia rever a exigência das investigações. Ontem, o chefe de imprensa do Comitê já tinha voltado atrás.
Com essa autorização, o FBI faria as investigações com base em seus arquivos e informações das polícias federais de quase todo o mundo e dos departamentos de imigração a que tem acesso.
Procurado ontem, o Comitê Organizador em Los Angeles informou que John Griffin era a pessoa indicada para responder se haveria ou não alguma modificação no esquema de credenciamento. Griffin disse que nada muda.
Na sexta-feira, o porta-voz do FBI em Washington, John Kundts, disse que as investigações "visam a segurança do país".

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