São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 1994
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O jeito é dar aos laterais o poder de fogo

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, Romário e Bebeto são titulares absolutos de qualquer seleção brasileira que se imagine para este momento.
Portanto, a ausência amanhã dos dois no simpático estádio Parc de Princes, em Paris, é até um fato positivo.
Como o técnico Carlos Alberto Parreira precisa fazer as suas derradeiras checagens, taí uma chance para olhar mais alguns atacantes.
Discordo dos que acham que Viola é a melhor opção (ele não pode continuar dependendo do pé esquerdo como depende), mas, que diabos, que se dê mais uma chance ao rapaz.
Mas que continuamos com atacantes de menos, ah, isto sim, continuamos.
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Com atacantes de menos, a melhor maneira de manter o poder de fogo são os laterais.
Portanto, deveriam crescer as chances de Leonardo –que está em fase excepcional– e diminuir a daquele que eu, você, nós dois, sabemos muito bem.
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Olha só, em termos de índices, o jogador mais eficiente (não seria o melhor?) do Paulistão é o Djalminha, do Guarani.
É o segundo artilheiro do campeonato, com 15 gols (o primeiro, Evair, fez quatro a mais de penâlti do que ele).
E é o segundo em um item cada vez mais importante para o futebol, a assistência (aquele passe que deixa o companheiro em condições de marcar o gol).
Djalminha fez 12 assistências neste campeonato, contra 15 do também ex-flameguista Marcelinho Carioca.
Ou seja, segundo na artilharia, segundo na assistência, o filho da realeza que se chamava Djalma Dias pode ser realmente o primeiro.
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Leonardo no São Paulo, Djalminha no Guarani, Marcelinho no Corinthians.
O melhor time do Flamengo arrasa em São Paulo.
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O destino parece conspirar mesmo para a melhoria do futebol no Brasil.
Logo no primeiro campeonato de pontos corridos em São Paulo, depois de muito tempo, os três maiores times embolam na liderança.
Com isto, já ficou afastada a hipótese de um time disparar logo no início do segundo turno e acabar com a graça do campeonato.
Fora encomendado e o campeonato não se sairia melhor.
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A contusão do Romário, no sábado, mostra bem o porque da Fifa estar preocupada com as faltas por trás durante a Copa do Mundo.
Não que tenha sido muito violenta a entrada do sagueiro do Valencia sobre o atacante do Barça e da seleção brasileira.
Mas, por trás, ela foi suficiente para desestabilizar um corpo que não está vendo de que lado vai ser aimpactado.
Não há reflexo possível, não há chance de defesa ou porteção para o atacante.
Resultado: ao tentar se equilibrar, Romário forçou os de tal maneira, que não haveria como não lesioná-los.
Por trás, as falta não precisam ser violentas. Elas são, intrinsicamente, uma descompostura ética. De graves consequências.
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O santista Luís Schwarcz está feliz com o Chulapa e com as crônicas do Mário Filho que vai lançar em breve.

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