São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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Secretário mantém delegados da lista

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Polícia Civil do Rio, Mário Covas, anunciou ontem que vai manter na direção da polícia quatro delegados citados no livro-caixa dos bicheiros, "porque todos são confiáveis plenamente".
Frederico Henning (subsecretário) e Luís Mariano (Departamento de Polícia Especializada) foram nomeados anteontem por Covas. Hélio Vígio (Divisão Anti-Sequestro) e Paulo Souto (Departamento Geral de Policiamento da Baixada) foram mantidos nos cargos, que ocupam desde o ano passado.
Henning, Mariano, Vígio e Paulo Souto são citados várias vezes na lista de propinas apreendida na fortaleza de Castor de Andrade.
"Eles foram escolhidos por mim e são homens honrados. Não existe nada contra eles", disse o secretário.
Ele afirmou que só quando receber uma denúncia formal do MP (Ministério Público) contra os delegados vai investigar o envolvimento deles com os bicheiros.
A corregedora da Polícia, Marta Rocha, disse que, se a denúncia for formalizada, tomará as "providências necessárias" e pode abrir inquérito administrativo contra os acusados.
Uma resolução da própria Secretaria de Polícia Civil, de novembro de 92, determina que o policial que responder inquérito policial, criminal ou administrativo, deve ser "removido" da corporação, se for acusado de crimes de "natureza infamante".
A corregedora não quis avaliar se responder inquérito por recebimento de propinas de bicheiros é considerado "crime infamante".
Covas afirmou que os nomes dos delegados podem ter sido "plantados" na lista e disse duvidar da autenticidade dos documentos apreendidos.
"Não vou paralisar o trabalho da Polícia Civil em face de outra instituição qualquer ter agido em favor de preconceito", declarou.
A "instituição que agiu em favor de preconceito", segundo Covas, foi o MP. Ele reafirmou que as denúncias contra os delegados são uma estratégia para desmoralizar a Polícia Civil.

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