São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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Policiais liberaram funcionários de Castor

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O contador Nelson Araújo Leitão e mais dois funcionários de Castor de Andrade não foram presos no dia do "estouro" da principal fortaleza do bicheiro –embora estivessem no local no momento do flagrante.
Leitão não teria sido preso porser o principal informante da Procuradoria-Geral de Justiça do Rio na operação de apreensão de documentos sobre o suposto esquema de propinas de Castor.
Já os três funcionários estavam trabalhando na hora do flagrante. Eles prestaram depoimentos no local, na presença de promotores e PMs, mas foram liberados.
Foram autuados, porém, 14 funcionários de outros três escritórios do bicheiro. Eles pagaram fiança e também foram liberados.
A Folha apurou que Leitão continuaria mantendo contatos com a P-2 (Serviço Secreto da PM).
A reportagem teve acesso ao relatório que apresenta o resultado do mandado judicial de busca e apreensão em escritórios de Castor. Todo a apreensão está listada.
No relatório, o contador dá seu testemunho de que num grande cofre –que ele tinha o segredo e abriu– só havia dinheiro (US$ 981 mil e CR$ 5,5 milhões). Segundo ele, não havia documentos.
O cofre teria sido violado enquanto estava sob guarda de PMs.
No relatório do auto de apreensão estão listados centenas de documentos e objetos apreendidos em quatro escritórios do bicheiro.
Segundo a lista, havia armas, livros-caixa, disquetes e documentos contendo nomes de pessoas que teriam recebido propinas ou doações do jogo do bicho.
Foram encontrados também um álbum de fotografias –numa delas aparecendo duas pessoas apontando armas de fogo– e o cartão de visitas de um coronel do Exército.
Foi apreendido recibo de depósito bancário (CR$ 1,5 milhão) em nome de Gilberto Braga de Melo, com a inscrição "Cleto Falcão" (deputado federal).
O material apreendido inclui recibo de assinatura de um jornal do Rio e envelopes contendo nas capas a inscrição "Vai & Vem" e o desenho de um castor.
O relatório dá impressão de que os promotores tiveram o cuidado de encaminhar à 34ª DP apenas armamentos, agendas e demais documentos que não consideraram importantes.
Eles temiam o comprometimento de policiais da delegacia com Castor. Os livros-caixa e demais documentos considerados importantes foram apreendidos pelos promotores.

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