São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 1994
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Consumidor deve evitar os cheques pré-datados

DA REDAÇÃO E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proximidade do lançamento da nova moeda, o real, não deve deixar consumidores e investidores intranquilos. Haverá anúncio prévio da data e das regras de transição, conforme prevê a medida provisória da URV.
Isso não significa, contudo, que o consumidor não deva tomar alguns cuidados. Um deles é evitar a emissão de cheques pré-datados que possam vencer já na vigência do real.
Esses cheques, comuns no comércio, geralmente embutem a inflação futura. Como a inflação tende a cair abruptamente com o real, mesmo sem congelamento oficial de preços, o emitente do cheque corre o risco de pagar por uma inflação que não se concretizou.
Mesmo que a medida provisória do real introduza regras de conversão compulsória de valores prefixados, retirando deles parcela da inflação futura, o consumidor precisará trocar o cheque com o lojista, o que pressupõe uma negociação. Nada impede que o lojista deposite o cheque antes do prazo combinado.
Outra cautela é evitar crediário e financiamentos atrelados à TR (Taxa Referencial). A URV terá seu valor congelado na virada para o real, mas a TR, que reflete juros, continuará reajustando as prestações nesse indexador.
Quem tem contrato anterior a 15 de março passado, e não convertido para a URV, deve se preparar para uma mudança compulsória de regras. É o caso de aluguel, planos de saúde etc.. Provavelmente os valores serão, antes do dia "D" do real, convertidos para a URV pela média de meses anteriores.
Aplicações financeiras
O governo deverá autorizar, até o final do mês, aplicações financeiras vinculadas à URV, mas dificilmente haverá poupança nessa modalidade. O CDB é a aplicação em URV com mais chances de ser criada.
A equipe econômica considera muito difícil, do ponto de vista técnico, alterar o indexador da poupança.
"Seria muito complicado administrar financiamentos habitacionais com dois índices diferentes (TR e URV)", disse ontem o presidente da Caixa Econômica Federal, José Roberto de Almeida.
O secretário executivo da Fazenda, Clóvis Carvalho, disse que a poupança em URV está sendo analisada com cuidado porque os técnicos temem o "descasamento" de ativos e passivos.
Outro problema da poupança em URV é a perda de rentabilidade em relação à caderneta atual. Isso porque a TR normalmente fica acima da URV, por incorporar os juros em alta do mercado financeiro.
O diretor de Normas do Banco Central, Cláudio Mauch, negou ontem até mesmo que haja estudos para a criação da poupança em URV. Ele disse que somente os CDBs e RDBs em URV estão sendo examinados.

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