São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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Radicais detêm maioria de delegados petistas

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Somados, os grupos de esquerda e extrema esquerda do espectro do PT conseguiram manter a hegemonia política no partido. O conjunto da ala ortodoxa elegeu até agora 54,1% dos delegados ao Encontro Nacional do PT.
O encontro, que começa no dia 29 em Brasília, definirá o programa de governo que será defendido por Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral. Decidirá também sobre alianças estaduais polêmicas na legenda.
Já foram escolhidos 87,6% dos delegados ao encontro. A fatia que falta para preencher o universo não vai alterar o quadro atual. Em relação ao ano passado, quando houve a inflexão à esquerda no partido, as mudanças são irrelevantes.
A corrente "Opção de Esquerda" continua sendo a de maior peso interno, mesmo caindo de 36,4% dos votos internos em 93 para os atuais 33%. Não há acordo sobre programa ou aliança que dispense o aval desse setor.
A "Opção de Esquerda", que reúne os grupos "Articulação de Esquerda" e "Democracia Socialista", situa-se na esquerda do campo petista e às vezes alia-se ao "Na Luta PT", de extrema esquerda.
O "Na Luta PT" foi o setor que mais cresceu, ao pular de 19,1% para 21,1%. A junção dos grupos ortodoxos soma agora 54,1% dos votos, contra 55,5% em 93.
O grupo de Lula, o "Unidade na Luta", apostava em crescimento acentuado para retomar o eixo político do partido. Não foi o que ocorreu. O pequeno avanço da ala em São Paulo foi seguido de derrotas em Minas Gerais e Pernambuco, por exemplo.
Lula vai tentar, na próxima semana, costurar um acordo entre seu grupo e a "Opção de Esquerda" para evitar a radicalização do seu programa de governo.
Rui Falcão, vice-presidente do PT e líder da "Opção de Esquerda", não descarta a possibilidade de entendimento. Quase impossível é a inclusão da corrente do deputado José Genoino no "acordão".
Genoino é vetado pela maioria do setor ligado a Falcão. A inclusão do deputado na costura é defendida, ainda que discretamente, pelo deputado Aloizio Mercadante, ligado a Lula.
A comissão que elaborou a versão preliminar do programa de governo de Lula reúne-se hoje em São Paulo para mapear as divergências. Lula pediu o levantamento para em cima dele tentar o acordo antes do encontro.

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