São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sarney e Requião se unem contra Quércia

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

As equipes de campanha dos pré-candidatos à Presidência, José Sarney (PMDB-AP) e Roberto Requião (PMDB-PR), irão atuar em conjunto para tentar derrotar o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP).
Os três concorrem à vaga de candidato peemedebista à sucessão de Itamar Franco. A escolha será feita por meio de uma eleição interna (chamada de "prévia") com cerca de 30 mil filiados do PMDB.
Assessores do senador Sarney e do ex-governador Requião (PR) já se reuniram várias vezes nas últimas semanas em Brasília para montar a linha de ataque.
Por enquanto, nenhum dos dois pré-candidatos estuda desistir de concorrer na prévia.
Pelo combinado, Sarney vai manter o estilo moderado, sem promover nenhuma crítica direta a Quércia.
Cabe a Requião, já conhecido pelo seu bombardeio contra o ex-governador de São Paulo, ser o porta-voz dos ataques.
Além das críticas de Requião, os assessores de Sarney também preparam material de propaganda (folhetos e fitas cassetes) com reportagens de jornais que apontaram o envolvimento do nome de Quércia em denúncias.
A avaliação da equipe de publicitários que trabalha para Sarney é que a maioria dos eleitores das prévias do PMDB ainda desconhece as denúncias.
Segundo os sarneyzistas, muitos vereadores de cidades do interior, que serão importantes no processo de escolha do candidato do partido, não têm informações sobre irregularidades no governo quercista em São Paulo (1987-91).
O caso que será mais explorado, segundo um assessor de Sarney, será o das importações irregulares de equipamentos de Israel, ocorridas durante a gestão Quércia.
Segundo revelou a Folha em 91, o ex-governador autorizou a compra de US$ 300 milhões em equipamentos (para universidaes e polícias) sem concorrência pública. O Ministério Público Federal confirmou a irregularidade.
O caso está no STJ (Superior Tribunal de Justiça), a quem cabe julgar crimes praticados por governadores, e deve ser decidido nos próximos dias.
O ex-presidente Sarney, que esteve nos últimos dois dias em campanha em São Paulo, evitou fazer qualquer crítica a Quércia.
Durante a participação no programa "Opinião Nacional"(TV Cultura, às 20h30), anteontem, um telespectador perguntou se o ex-presidente compraria um carro usado de Quércia.
Sarney evitou o confronto, como irá fazer em toda a campanha para as prévias, e respondeu que não precisava comprar carros, assim como o Quércia também não precisaria vendê-los.
Além da linha de ataques a Quércia, os aliados de Sarney apostam no efeito dos números das mais recentes pesquisas de intenção de voto.
As pesquisas têm mostrado que a candidatura do ex-presidente teria mais força eleitoral do que a do ex-governador.
Sarney iniciou ontem à noite, com uma viagem a Cuiabá (MT), uma série de visitas que pretende fazer aos peemedebistas de todos os Estados.

Texto Anterior: Brizola nega ultimato a Quércia e se assusta com repercussão de críticas
Próximo Texto: Ex-presidente visita Fleury
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.