São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 1994
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PSDB se divide sobre a nova fase do plano

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A data ideal para o lançamento da nova moeda –o real– está dividindo a bancada do PSDB. Nem todos os tucanos concordam com o virtual candidato do partido à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, que quer a nova moeda em vigor a partir do dia 1º de julho.
O deputado Maurílio Ferreira Lima (PSDB-PE) vem pregando, dentro e fora do partido, que o real seja emitido em junho. Ele é apoiado por outros tucanos, como os deputados José Abrão (SP) e Paulino Cícero (MG).
As argumentações de Maurílio refletem o pragmatismo imposto pela campanha eleitoral. Segundo ele, a inflação em cruzeiros reais que persiste com a adoção da URV dificulta a campanha tucana nas cidades onde o eleitorado é menos esclarecido.
"Estamos ficando sem discurso. Não há como explicar as atuais taxas de inflação para as bases. A adoção do real precisa ser política e não técnica", afirma Maurílio, confiante na queda da inflação após a emissão da nova moeda.
Autor do plano econômico do governo, o ex-ministro Fernando Henrique prefere as argumentações técnicas e tem o apoio dos deputados José Serra (SP), Geraldo Alckimin (SP) e do senador Mário Covas (SP).
Ele considera que a emissão do real deve ser precedida de uma maior estabilização da inflação em cruzeiros reais e de uma maior utilização da URV por todos os agentes econômicos.
Dentro do PSDB, as discussões em torno do real ainda são informais. Na próxima semana, FHC intensificará seus contatos com a equipe econômica do governo para tratar da emissão da nova moeda.
No PFL, que deve se coligar com o PSDB para disputar a sucessão presidencial, a posição majoritária é a mesma de FHC. "Mais vale o plano do que um discurso de campanha momentâneo", afirma o líder do partido na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães.
Cotado para ser o vice na chapa encabeçada por FHC, Magalhães reconhece que a antecipação do real traria dividendos políticos imediatos, mas uma precipitação neste assunto poderia ser fatal para o plano de estabilização.
Para o deputado Gustavo Krause (PFL-PE), ex-ministro da Fazenda do governo Itamar, a emissão do real deve seguir critérios puramente técnicos. "Não dá para misturar campanha política com a emissão do real. É um assunto sério que pode comprometer o plano", afirma Krause.

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