São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Tarifa regionalizada dificulta conversão

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO (MG)

O ministro das Minas e Energia, Alexis Stepanenko, disse ontem em Ouro Preto (MG) que o governo está estudando a conversão das tarifas públicas em URV, mas que não haverá precipitações para não se cometer erros.
Stepanenko disse que as diferenças regionais no preço das tarifas exigem estudos mais aprofundados. Segundo ele, não há como definir uma tarifa única.
Ele disse que talvez na próxima semana o governo já tenha alguma definição sobre essa conversão em URV. "Mas não queremos nos precipitar", afirmou, acrescentando: "Temos que estudar bem para que uma vez fixada em URV, a tarifa não mude".
O ministro das Minas e Energia disse ainda que na semana que vem haverá novo aumento de combustíveis, mas não quis revelar a data e o percentual.
Ele afirmou que hoje apresenta ao presidente Itamar Franco o índice de reajuste. Segundo ele, a alta será comunicada com 48 horas de antecedência, seguindo orientações do presidente.
Nova moeda
O ministro das Minas e Energia afirmou que há "grande pressão para se introduzir o real mais cedo".
Ele atribuiu as pressões a "políticos, segmentos da sociedade e empresas mais organizadas", que já estão aplicando a URV. Não disse nomes.
Questionado se o ex-ministro Fernando Henrique Cardoso também estaria pressionando para a implantação da nova moeda, ele disse que FHC sempre defendeu a implantação do real em escala.
Mas fez uma ressalva: "Agora, como pai da idéia e dono do filho, como todo pai ele gostaria que o filho crescesse mais", declarou.
Sthepanenko disse que para criar a nova moeda o governo vai "levar mais à frente" para que a sociedade aceite voluntariamente a URV. "É essa a política, não de imposição", declarou.
O ministro afirmou que a previsão de inflação de 11% em URV neste mês "não é preocupante". Stepanenko disse que isso é o "ajeitamento do mercado" ao novo plano econômico.
Segundo ele, "algumas empresas ainda não entenderam o espírito" do plano e outras estão "atemorizadas".
Stepanenko disse que as empresas médias e pequenas do país não têm sistemas contábeis e controle eficiente de custo.
"Elas ficam apavoradas e empregam preços maiores", disse. Segundo ele, 98% das empresas brasileiras são médias e pequenas.

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