São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Banqueiro pagou CR$ 23,4 mi para policiais

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais militares e civis receberam US$ 20 mil (CR$ 23,4 milhões em valores atualizados) entre maio e dezembro de 92 do bicheiro Albino Fantazzini. Ele é um dos 220 banqueiros que atuariam na Grande São Paulo.
A quantia consta na contabilidade do bicheiro apreendida pela PM em sua fortaleza (central de apuração de apostas) em Guarulhos (SP), em março de 93.
Os pagamentos estão em dois cadernos com 150 páginas. Eles são designados pela sigla "PP" (pagamento para polícia, segundo a Corregedoria da Polícia Civil).
Ao todo, 20 policiais civis e militares e um ex-policial civil são citados (veja quadro ao lado).
Após ficar com a lista por um ano, sem instaurar inquérito, a corregedoria diz não ter identificado nenhum dos policiais.
Além dessa lista, a polícia está investigando uma agenda e um disquete achados no último dia 18 em outra fortaleza de Fantazzini. Nessa operação ele foi preso, mas pagou fiança e foi liberado.
Na agenda estariam os telefones de todas as delegacias de Guarulhos e de alguns policiais. O telefone de um deputado estadual, cujo nome não foi revelado, também estaria na agenda do bicheiro.
Os nove distritos policiais (DPs) de Guarulhos teriam recebido propinas. O 3º DP e o 8º DP seriam os que mais receberam.
Também teria sido paga propina ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e ao Demacro (Departamento de Polícia da Macro São Paulo).
A lista também cita pagamentos ao Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e à Delegacia Seccional de Guarulhos.
Ela também relaciona "acertos de flagrantes", o que pode significar que a polícia fazia flagrantes com falhas que justificassem uma futura absolvição dos cambistas.
O ex-corregedor da Polícia Civil, Guilherme Santana, disse que o ex-delegado geral, Álvaro Luz Franco Pinto, e o atual corregedor, Ruy Estanislau Silveira Mello, são os responsáveis por não ter sido aberto antes o inquérito da lista.
Santana disse que tirou cópias da lista no dia da apreensão e as enviou à Delegacia Geral, que só as teria devolvido após sua saída da corregedoria, em abril de 93.
Mello havia dito que não sabia por que não havia sido aberto inquérito e pediu que a informação fosse dada por seu antecessor.

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