São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Nome de Ivo Noal está na lista

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O banqueiro do bicho Ivo Noal recebeu US$ 22,5 mil (CR$ 26,3 milhões) de Fantazzini entre maio e dezembro de 92. Os pagamentos a Noal são chamados na contabilidade de Fantazzini de "descargas".
"Descarga" é o nome de uma operação contábil em que banqueiros como Fantazzini repassam apostas altas para banqueiros maiores, como Noal. Fantazzini não teria como pagá-las caso fossem premiadas.
Ao todo, existem na lista 11 "descargas" a Noal. A presença delas na contabilidade revela a hierarquia do bicho paulista.
Fantazzini é maior bicheiro de Guarulhos. Noal é o maior do Estado, onde dominaria cerca de 40% das apostas.
A contabilidade de Fantazzini revelaria que a corrupção avulsa de policiais custa pouco para um bicheiro. As policiais teriam recebido propinas de US$ 5,00 a US$ 400,00.
Fantazzini teria gasto US$ 373,00 em sete almoços para policiais. O aluguel da casa de um delegado saiu por US$ 124,00. Um flagrante em Guarulhos custou US$ 412,00.
O bicheiro ganharia cerca de US$ 50 mil por mês e gastaria US$ 35 mil com pagamentos de funcionários, papéis, carimbos, aluguéis, consertos de carros e propinas.
Cartão de crédito
A polícia está analisando a possibilidade de um bicheiro conhecido como Vicente usar cartões de crédito para "lavar" o dinheiro do bicho.
Ele daria cartões para seus cambistas, que lhe entregariam o dinheiro das apostas fazendo pagamentos pelo cartão.
O bicheiro registrava esses pagamentos com o cartão como se fossem compras de mercadorias em seu supermercado, o Beira Alta, na zona sul.
Essa desconfiança da polícia surgiu por causa do alto número de operações com cartão de crédito feitas pelo supermercado do bicheiro.
(MG)

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