São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Ataque sérvio faz 20 mortos em hospital de Gorazde

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Sérvios fazem 20 vítimas em hospital de Gorazde
Tanques sérvios mataram cerca de 20 pacientes de um centro médico em Gorazde ontem. Ao longo do dia, pelo menos 47 pessoas morreram no encrave muçulmano da Bósnia.
Dois projéteis atingiram o centro médico, um hospital de campanha para vítimas da guerra. O primeiro destruiu o muro de proteção de sacos de areia que circunda o hospital. O segundo explodiu dentro do hospital.
Várias bombas caíram junto de um poço onde os moradores faziam fila. Mais de 20 morreram, segundo o Alto Comissariado para Refugiados da ONU.
Os sérvios sitiam Gorazde há três semanas. Já morreram 436 pessoas e há 1.467 feridos, segundo organizações assistenciais.
Cerca de 65 mil pessoas estão na cidade, das quais 30 mil são refugiados.
A ONU anunciou à noite que os soldados sérvios entraram na cidade. Mohammed Scairbey, embaixador da Bósnia junto à organização, disse que se combate "porta a porta" em Gorazde.
Um comboio de militares e médicos foi bloqueado por um grupo de mulheres e crianças sérvias a caminho de Gorazde.
As mulheres exigiam a libertação de seus maridos, segundo elas, prisioneiros em Gorazde.
O negociador de paz da ONU, Thorvald Stoltenberg, disse que o líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, anunciou um cessar-fogo em Gorazde. O cessar-fogo entraria em vigor hoje quando chegasse o comboio da ONU.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, disse que seu país tem "interesse humano e estratégico" na Bósnia.
Christopher explicou a senadores dos EUA a proposta do presidente Bill Clinton de endurecer a posição contra os sérvios.
"A agressão dos sérvios é bastante transparente. Eles têm em mente a Grande Sérvia. Eles estão olhando para o sul, para Kosovo, possivelmente para a Macedônia. Estão avançando sobre a Bósnia e talvez sobre a Croácia", disse.
Na semana passada, o governo dos EUA justificou a inação na Bósnia alegando desconhecer os objetivos sérvios. Segundo Christopher, a Otan (Aliança militar do ocidente) se reúne hoje para discutir a proposta de Clinton.
O prefeito de Gorazde, Ismet Briga, pediu aos países ocidentais que ponham fim "ao sofrimento e à dor" dos habitantes da cidade.
"Se não querem ajudar-nos, então, por favor, matem-nos bombardeando-nos", disse Briga a uma rede de TV do Reino Unido. "Falo sério. Não podemos mais suportar estas atrocidades".
A primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, pediu ontem à ONU "ação rápida" para salvar os muçulmanos de Gorazde.
Quer o fim do veto ao fornecimento de armas. Segundo ela, se o ocidente não ai agir deve deixar que os bósnios se defendam.

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