São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 1994
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Entrevista de Isaac Stern; PT, o queridinho da imprensa; PT-PCdoB; Questão de classe; Rubinho, o "Fittisenna"

Entrevista de Isaac Stern
"Li não somente com grande atenção, mas também com muita tristeza, a entrevista do importante músico e humanista Isaac Stern, na qual confirma que nunca tocará na Alemanha e na Áustria por causa do respeito 'ao sofrimento de muitas pessoas durante a 2ª Guerra Mundial nesses dois países' (Folha, 20/04). Somente posso e quero falar pela Áustria. Neste contexto, acho muito importante o discurso que o chanceler federal da Áustria (chefe de governo), dr. Franz Vranitzky, proferiu durante sua visita oficial a Israel no ano passado. Aqui algumas das passagens do discurso: 'Temos que enfrentar este lado da nossa história. Temos que compartilhar a nossa responsabilidade no sofrimento que não a Áustria –pois esse país não existia então– e sim cidadãos austríacos causaram a outros seres humanos e, desta forma, à humanidade. Sempre tivemos a opinião e continuaremos a tê-la de que a noção de culpa coletiva não pode ser aplicada à Áustria. Aceitamos, porém, a responsabilidade coletiva, a responsabilidade de cada austríaco de se lembrar e de se empenhar pela justiça. Compartilhamos responsabilidade moral, porque muitos austríacos saudaram o 'Anschluss' (a anexação da Áustria à Alemanha), apoiaram o regime nazista e contribuíram ativamente à sua atuação. Encontro-me aqui hoje como representante de um novo país independente e democrático, que foi fundado como antítese ao nacional-socialismo. A maioria dos fundadores da Segunda República (da Áustria) foram, de fato, sobreviventes dos campos de concentração assim como das prisões do Terceiro Reich'. Espero que este autêntico pronunciamento do chefe do governo austríaco mostre a seriedade e a importância com as quais a Áustria oficial de hoje analisa essa parte escura da história. Gostaria de acrescentar as próprias palavras do chefe do governo austríaco, pronunciadas não somente em Israel, mas também em uma declaração ao Parlamento. 'Reconhecemos tudo o que passou em nossa história, assim com os atos de todos os austríacos, sejam esses atos bons ou ruins. Da mesma forma que solicitamos respeito aos nossos bons atos, temos que pedir desculpas pelos crimes que cometemos aos que sobreviveram e aos descendentes daqueles que pereceram'."
Andreas Somogyi, embaixador da Áustria no Brasil (Brasília, DF)

PT, o queridinho da imprensa
"A imprensa (de modo especial a Folha) tem dedicado grande espaço e destaque para criticar um eventual acordo PSDB-PFL, alegando divergências ideológicas, programáticas etc. Todavia nenhuma linha (salvo rápido 'PS' na coluna do Dimenstein) sobre os acordos firmados ou desejados pelo PT e pelo seu eterno candidato a presidente. O acordo do PT com o PCdoB demonstra uma aliança com o que há de mais retrógrado em termos de teoria política, ideologia e regime político. O desejo do Lula em se coligar com o PTB e especialmente com o governador Hélio Garcia, com olhos ao colégio eleitoral de Minas, mostra é esperteza política, oportunismo, clientelismo e práticas que se condenam nos demais partidos. Sobre o desejo do Lula de uma coligação com o PDT, os bravos jornalistas não consideraram alguns aspectos: que o PDT é um partido à imagem e semelhança do sr. Brizola, um caudilho que tenta realizar através deste partido suas ambições pessoais; um partido que abrigou em sua legenda nomes como Juruna, Agnaldo Timóteo, Carlos Imperial, Márcio Braga etc. etc. não demonstra critério e coerência política na admissão aos seus quadros. Sem citar Cidinha Campos, Vivaldo Barbosa etc. O PSDB não pode fazer acordos com o PFL, mas o PT faz com quem deseja, sem contestação? A imprensa (especialmente os articulistas da Folha) é absolutamente complacente com as contradições e incoerências do PT. Busca valorizar a candidatura do Lula, tornando-a 'palatável', aceita, pelos empresários e pela classe média. Basta lermos o Painel, os artigos sobre 'a aceitação dos americanos à candidatura Lula', ou as reportagens que buscam e demonstram que o candidato do PT 'não mais intimida os empresários' (sic). Gostaria muito de ler o Dimenstein, o Janio de Freitas, o Clóvis Rossi, o Marcelo (e mesmo os editorialistas) analisarem também e mais criticamente os acordos do PT. O Janio de Freitas, tão crítico àqueles que não são da esquerda, dedicou uma coluna a colocar o Miguel Arraes 'acima de qualquer suspeita', quando o nome do ex-governador pernambucano foi citado no 'dossie Odebrecht'. Criticou o desejo de se quebrar o sigilo bancário do pernambucano, lembrando as 'lutas' do ex-refugiado. Pois, Janio, o sr. Ibsen Pinheiro também mereceu reportagem de capa da revista 'Veja', mostrando-o como político de conduta impoluta, de vida irrepreensível etc. (denominaram-no 'presidenciável'). E sabemos o resto da história com o caso do Orçamento. Não li nenhuma linha da Folha sobre o voto do senador Suplicy contrário à quebra do sigilo bancário de Roseane Sarney. Parece que a Folha usa a seção de cartas para 'manipular'. Só dá cartas favoráveis ao Lula, contra o acordo do PSDB etc."
Márcio Cruz (São Paulo, SP)

PT-PCdoB
"O poeta assim como o jornalista vivem da inspiração do momento. Tem dias que um não pode pegar no lápis e o outro nem adentrar a Redação. Isto deveria ter ocorrido com o sr. Gilberto Dimenstein no dia 7/04. Intolerável o ataque injustificável à velha e conhecida coligação PT-PCdoB."
Luiz Carlos Guimarães Brondi (Ribeirão Preto, SP)

Questão de classe
"Não entendo como que um jornal como a Folha mantém uma colunista tão sem classe como essa Bárbara Gancia. A inveja que ela tem das socialites é demais. Será que não há assunto melhor do que essa 'análise social' que ela faz? A sua pseudoveia humorística não existe, pois dá uma tristeza tremenda ler os seus textos. Muito pobres..."
Ana Cecília Mesquita Oliveira (Jundiaí, SP)

Rubinho, o "Fittisenna"
"Quem assistiu ao GP de F-1 em Aida (Japão), e viu o emocionado e humilde Rubinho Barrichello chegar ao pódio, estar em 2º lugar no campeonato de F-1, com um equipamento obsoleto, com certeza ficou com a impressão que está nascendo um 'Fittisenna', que representa com transparência, a síntese do que existe de melhor nos dois melhores pilotos brasileiros."
Orlando Lovecchio Filho (Santos, SP)

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