São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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Promotor afirma que mais de 50 delegados receberam propinas

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O promotor Mendelsohn Pereira disse ontem que mais de 50 delegados de polícia recebiam propinas de bicheiros. "Quase todas as delegacias especializadas estão na lista", afirmou. Segundo o promotor, o que mais o surpreendeu na lista, foram anotações de "pp/extra/casual", para policiais que recebiam propinas todo mês.
"Pp/extra" significa que, quando os policiais estavam sem dinheiro e se encontravam, por acaso, com os bicheiros, "aproveitavam para pedir mais propinas", assegurou Mendelsohn.
Números de telefones são hoje o principal alvo da investigação da Procuradoria de Justiça sobre a ligação entre o jogo do bicho e o tráfico internacional de drogas.
Pereira disse que os números revelam ligações dos bicheiros para cidades que estão na rota do narcotráfico, no Brasil e no exterior.
Os números de telefone, segundo Mendelsohn, estavam "em mais de dez agendas" apreendidas pelo MP. Biscaia falou em uma "agenda eletrônica" com informações dos disquetes. Seu chefe de gabinete, Antônio José Moreira, disse que os números estavam em papéis, listagens, disquetes e livros-caixa.
Os promotores já receberam da Telerj os primeiros resultados no rastreamento das contas telefônicas. Até terça-feria, a companhia deve fornecer novas informações.
A Procuradoria está esperando informações do Itaú e do Unibanco sobre contas fantasmas que tiveram quebra de sigilo requisitada pelo Ministério Público. Pereira disse que, se os gerentes se recusarem a colaborar, podem responder por crime de desobediência.

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