São Paulo, sábado, 23 de abril de 1994
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Bicheiros do Rio e SP dividiram territórios

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Um acordo de não-invasão de territórios foi fechado há um ano e meio, nos EUA, entre banqueiros do bicho de São Paulo e do Rio.
Participaram desse acordo os banqueiros cariocas Castor de Andrade, Anísio Abrahão David, e o banqueiro paulista Ivo Noal.
As negociações aconteceram no cassino Mirage, em Las Vegas (meio oeste dos EUA). No acordo, Noal sugeriu a Castor de Andrade "proteção mútua".
A associação dos três é coordenada nos moldes de uma holding (grupo líder de um conglomerado de negócios), com uma divisão de territórios (no caso, Estados) a serem explorados pelos banqueiros.
O acordo entre os três teria origem em 1987, quando se uniram para reagir à tentativa de outro bicheiro carioca, Raul Capitão, em expandir seus negócios e entrar no mercado do jogo em São Paulo.
Naquela época, o bicheiro paulista Waltemir Spinelli e Raul Capitão tentavam empreendimentos mútuos no jogo do jogo.
Para negociar e iniciar as operações conjuntas, foi enviado a São Paulo Marco Aurélio Correia de Mello, filho de Raul Capitão.
Durante as negociações, o filho de Raul Capitão sofreu um atentado a tiros de metralhadora, na Lapa, na zona oeste de São Paulo.
Marco Aurélio pilotava o Voyage placas WU 7628. Ele não se feriu, mas seu companheiro, Ismael Veríssimo, morreu. Outro acompanhante, Paulo Stanislaw, ficou paraplégico (ficou com os membros inferiores do corpo paralisados) devido aos tiros.
O delegado Jair de Castro Vicente, que presidiu o inquérito sobre o atentado, concluiu que os tiros foram dados por Newton Marques, preso sob acusação de trabalhar para Ivo Noal.
A partir do acordo entre Raul Capitão e Waltermir Spinelli, Noal começou a temer outras invasões a seu território durante suas ausências.
O motivo disso seria que nos últimos quatro anos ele passou cerca de 15 meses foragido da Justiça.
Daí teria surgido seu empenho em fechar o acordo com Castor de Andrade e Anísio David.
Noal ainda se refere aos bicheiros cariocas que tentam entrar em São Paulo como "estrangeiros". Segundo seus assessores, Noal deve a Castor um favor: els afirmam que Castor escondeu Noal, há seis meses, em sua fortaleza situada na rua da Fonseca, em Bangu (zona oeste do Rio). Noal estava com prisão preventiva decretada.

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